Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Rede de cuidado ao trabalhador em saúde no contexto da Terapia Comunitária
Renata Gomes Zuma

Resumo


A Terapia Comunitária prevê a promoção da saúde e a prevenção da saúde mental através da construção de uma rede social de apoio. Visa proporcionar aos participantes uma troca de experiências, mobilizando os recursos e as competências dos indivíduos, das famílias e das comunidades, abrindo, assim, espaço para os participantes dividirem suas angústias e partilhar o saber produzido pelas experiências de vida de cada um. Na Estratégia de Saúde da Família (ESF), tal modalidade terapêutica é realizada nas salas de espera das Clínicas de Saúde da Família e dos Centros Municipais de Saúde. Ali, os usuários são convidados a participar e a se colocarem em roda. Após um breve contrato, através do qual são colocadas pequenas regras - como, por exemplo, sigilo sobre aquilo que for conversado ali, disponibilidade a estar por uma hora e meia na roda, procurar ouvir o que o outro diz respeitando e não emitindo juízos sobre aquela pessoa ou sobre aquilo que ele está trazendo para o grupo -, os facilitadores perguntam se alguém quer partilhar algo que o esteja fazendo sofrer, seja uma preocupação, uma mágoa ou alguma situação que o esteja deixando angustiado. Pouco a pouco, cada um vai colocando alguma questão sua e uma história é escolhida pelo grupo para ser tratada mais a fundo. Geralmente, são questões com as quais o grupo se identifica mais. Profissionais de diversas áreas podem ser capacitados para serem terapeutas comunitários. Na CAP 3.1, uma enfermeira e um agente comunitário realizam este trabalho. Segundo relato, eles fizeram um workshop vivencial onde conheceram a fundo e aprenderam a aplicar a terapia comunitária. Muito sensíveis, facilitaram o grupo do qual participamos, manejando os acontecimentos com muita responsabilidade. Porém, esses profissionais não possuem um suporte com o qual possam contar constantemente; fora o workshop que fizeram, não contam com nenhum acompanhamento ou supervisão de seu trabalho. Porque estão ainda em fase de formação enquanto terapeutas comunitários, me pergunto qual o suporte que estes profissionais têm no que tange à sua própria saúde mental. É preciso cuidar desses profissionais para que eles possam cuidar dos outros. Um apoio teórico e emocional com o qual possam dividir suas dúvidas, suas questões, suas angústias. E não somente eles enquanto terapeutas comunitários, como também todos os trabalhadores em saúde. Uma rede de cuidado voltada também para os profissionais.