Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Refletindo sobre a presença do acompanhante de paciente pediátrico durante a hospitalização: um relato de experiência
Mariane Oliveira, Kelly Ribeiro, Dionatas Madruga, Lisie Alende

Resumo


A presença de um indivíduo em ambiente hospitalar pode remeter a sentimentos de insegurança e fragilidade, quando este indivíduo é uma criança, esta situação é ainda mais delicada, devido à sua falta de compreensão quanto a todo o processo da doença. A criança enfrenta a hospitalização com muita dificuldade, pois o hospital, muitas vezes, tem uma representação dolorosa e a reporta para emoções ligadas ao sofrimento. Neste contexto, o acompanhamento dos pais pode proporcionar maior segurança e conforto, além do carinho e do apoio imprescindível ao enfrentamento desta situação desafiadora. Sendo assim, este trabalho objetiva apresentar um relato de experiência desenvolvido nas aulas práticas da disciplina de Enfermagem no Cuidado a Saúde da Criança e Adolescente. O relato emergiu de um estudo de caso, realizado em uma instituição hospitalar, ocorrido no segundo semestre de 2010. Na atividade em questão, realizamos os cuidados de uma criança com hidrocefalia, na Unidade Pediátrica, o qual durante um dado momento teve a mãe afastada pelo fato desta ser menor de idade. No transcorrer da realização da coleta dos dados para a construção do histórico familiar verificamos que a criança contava com o acompanhamento de sua avó materna, que se mostrou bastante inconformada por não poder dividir com a mãe da criança a responsabilidade da permanência durante a internação, já que está é menor de idade e de acordo com o Conselho Tutelar a sua permanência em ambiente hospitalar é proibida. Essa situação nos levou a várias reflexões em relação à hospitalização da criança e a presença de um acompanhante, em especial, a mãe. Entendemos que a fim de minimizar os sentimentos negativos que permeiam o período de hospitalização, tem-se buscado mudanças na modalidade de assistência, passando daquela cujo foco é a criança e sua patologia para àquela centrada na família. Reconhecemos que a presença da família junto à criança diminui os fatores estressantes associados à hospitalização, além de favorecer a enfermagem, quando a família passa a ser colaboradora, somando esforços para um cuidado humanizado. Nesse sentido, ainda ressaltamos que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é claro em seu 12º artigo do capítulo I ao afirmar a importância da presença e participação da mãe (ou do pai) no processo de recuperação da saúde da criança, em tempo integral, no decorrer da internação. Desse modo, conforme o ECA, os estabelecimentos de atendimentos à saúde devem proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação. No entanto, apesar desta Lei fornecer respaldo na permanência dos pais junto ao filho hospitalizado, verificamos que na prática isto não é cumprida. Entendemos a importância da conscientização da população acerca de seus direitos, uma vez que ao conhecer e compreender seus direitos, os acompanhantes terão a possibilidade de cobrar pelos seus direitos e condições de melhor assistência.