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RESQUÍCIOS DE UM PASSADO ESTIGMATIZADOR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE EXISTÊNCIA DO LEPROSÁRIO COLÔNIA DO CARPINA
Resumo
INTRODUÇÃO. Apesar do avanço nas áreas de reabilitação e controle, o Brasil apresenta a segunda maior prevalência de hanseníase do mundo, o que reflete ineficácia nas políticas relativas ao tema, por abarcarem, strictu sensu, aspectos biológicos. Em 1931 fora fundado, na cidade de Parnaíba – PI, o Hospital S. Lázaro destinado ao tratamento de hansênicos. Em 1941, fora institucionalizado o isolamento compulsório dos pacientes com lepra, quando passou a denominar-se Hospital Colônia do Carpina (HCC). Com as novas descobertas e concepção ampliada da saúde, contudo, o isolamento de tais pacientes perdeu sentido de existir, além de ir à contramão dos Direitos Humanos Fundamentais e Constituição de 1988. Apesar disso, o HCC é ativo como campo histórico de dificuldades e perspectivas na assistência ao mal de Hansen, ponto de inflexão entre dois modelos de entender a saúde e suas relações com a vida. OBJETIVOS. Abordar o modelo de intervenção do HCC no tratamento da hanseníase frente a novas políticas em saúde. MÉTODOS. Pesquisa exploratória qualitativa no HCC, Parnaíba-PI por busca ativa, visitas, rodas de conversas e discussão entre estudantes, usuários e profissionais da instituição. RESULTADOS. Observou-se escassez de profissionais que não dialogam com a realidade sócio-cultural dos pacientes, devido ao estigma construído em torno da patologia. Além disso, não há atividades direcionadas à reinserção do egresso na comunidade ou de promoção e prevenção da saúde, além de inexistirem referência e contra-referência na assistência, que é imediatista, centrada no tratamento medicamentoso. Faz-se imperativo, pois, a reconstrução simbólica do espaço de modo a torná-lo substrato ao desenvolvimento de práticas abrangentes que pactuem com a Estratégia Saúde da Família (ESF) na resolução conjunta dos problemas que lhes forem impostos no que diz respeito ao agravo. Para tanto, o espaço físico, profissional e humano devem ser reformulados no sentido de se serem concebidos novos valores e sujeitos, reduzindo o preconceito para com o outro e para consigo mesmo, potencializando o acolhimento para além do modelo curativista de saúde. CONCLUSÃO. Como centro aglutinador de casos graves de hanseníase exilados do seio social pelo preconceito, a Colônia do Carpina assume importância como instrumento subutilizado de promoção da saúde e qualidade de vida. Deve, pois, articular-se à ESF e ampliar a visão quanto aos determinantes de saúde na elaboração de propostas amplas e conjuntas de enfrentamento da doença.