Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
RESQUÍCIOS DE UM PASSADO ESTIGMATIZADOR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE EXISTÊNCIA DO LEPROSÁRIO COLÔNIA DO CARPINA
Bruna Rodrigues Barbosa, Jeanley Vieira da Silva, Maiara Carvalho Nogueira, Paulo Filho Soares Marcelino, Manoel Guedes de Almeida, José Ivo dos Santos Pedrosa

Resumo


INTRODUÇÃO. Apesar do avanço nas áreas de reabilitação e controle, o Brasil apresenta a segunda maior prevalência de hanseníase do mundo, o que reflete ineficácia nas políticas relativas ao tema, por abarcarem, strictu sensu, aspectos biológicos. Em 1931 fora fundado, na cidade de Parnaíba – PI, o Hospital S. Lázaro destinado ao tratamento de hansênicos. Em 1941, fora institucionalizado o isolamento compulsório dos pacientes com lepra, quando passou a denominar-se Hospital Colônia do Carpina (HCC). Com as novas descobertas e concepção ampliada da saúde, contudo, o isolamento de tais pacientes perdeu sentido de existir, além de ir à contramão dos Direitos Humanos Fundamentais e Constituição de 1988. Apesar disso, o HCC é ativo como campo histórico de dificuldades e perspectivas na assistência ao mal de Hansen, ponto de inflexão entre dois modelos de entender a saúde e suas relações com a vida. OBJETIVOS. Abordar o modelo de intervenção do HCC no tratamento da hanseníase frente a novas políticas em saúde. MÉTODOS. Pesquisa exploratória qualitativa no HCC, Parnaíba-PI por busca ativa, visitas, rodas de conversas e discussão entre estudantes, usuários e profissionais da instituição. RESULTADOS. Observou-se escassez de profissionais que não dialogam com a realidade sócio-cultural dos pacientes, devido ao estigma construído em torno da patologia. Além disso, não há atividades direcionadas à reinserção do egresso na comunidade ou de promoção e prevenção da saúde, além de inexistirem referência e contra-referência na assistência, que é imediatista, centrada no tratamento medicamentoso. Faz-se imperativo, pois, a reconstrução simbólica do espaço de modo a torná-lo substrato ao desenvolvimento de práticas abrangentes que pactuem com a Estratégia Saúde da Família (ESF) na resolução conjunta dos problemas que lhes forem impostos no que diz respeito ao agravo. Para tanto, o espaço físico, profissional e humano devem ser reformulados no sentido de se serem concebidos novos valores e sujeitos, reduzindo o preconceito para com o outro e para consigo mesmo, potencializando o acolhimento para além do modelo curativista de saúde. CONCLUSÃO. Como centro aglutinador de casos graves de hanseníase exilados do seio social pelo preconceito, a Colônia do Carpina assume importância como instrumento subutilizado de promoção da saúde e qualidade de vida. Deve, pois, articular-se à ESF e ampliar a visão quanto aos determinantes de saúde na elaboração de propostas amplas e conjuntas de enfrentamento da doença.