Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Saúde Mental na Web 2.0: visibilidades e virtualidades do sofrimento psíquico
Clarice Moreira Portugal, Mª Fernanda Cruz Coutinho, Eduardo Vilela Thielen, Mariana Bteshe, Carlos Estellita-Lins

Resumo


Introdução: É notório que nos últimos anos com o rápido desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e com a apropriação de novas formas de se comunicar, mais acessíveis ao público em geral, ocorreu uma transformação no lugar do interlocutor que passa a poder ser agente transformador do ciberespaço. Junto a isso, com fortalecimento do movimento popular e a luta pela democratização dos meios de comunicação, o vídeo em saúde atraiu a atenção de novos realizadores que não possuíam espaço na mídia tradicional. Objetivos: Oferecer um panorama do conteúdo audiovisual disponível na Web, de modo a dar-lhe visibilidade e refletir sobre o papel dos vídeos no debate sobre questões contemporâneas do campo da saúde mental. Metodologia: Empreendeu-se uma busca no Youtube a partir dos descritores “saúde mental” e “mental health”. Resultados: O conteúdo pesquisado permitiu a construção de algumas categorias de análise dessa produção, são elas: conteúdos amadores e cybermilitância em saúde mental, que contempla principalmente sujeitos falando sobre sua experiência de sofrimento mental, relação com o tratamento e o estigma; campanhas de curta duração; documentários; ficção; séries e TV; governamentais e/ou institucionais. Verificou-se que a Web 2.0 aparece como um cenário de reelaboração das ferramentas midiáticas, sobretudo com a criação dos espaços de compartilhamento de vídeos na Internet (Youtube, Vlogs, Myspace etc.), e seus possíveis usos no âmbito da saúde mental através de um processo prático de experimentação e reflexão. Além disso, é interessante perceber a experiência de construção de uma outra narrativa da experiência de adoecimento, das quais podem advir importantes intervenções, como também produções reiterantes do estigma da loucura e do sofrimento psíquico. Conclusão: Foi possível verificar que o conteúdo audiovisual em saúde mental é vasto e bastante variado, incluindo materiais exportados da TV e documentários, como produções caseiras e independentes. Porém, a apropriação dos usuários dos serviços de saúde mental da rede pública ainda parece estar distante, de maneira que a criação de oficinas e espaços de produção audiovisual nos serviços deve ser fomentada, não só por seu potencial terapêutico, mas também pela maior acessibilidade aos recursos de produção multimídia (celulares, máquinas digitais, webcams, etc.).