Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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SUICÍDIO JUVENIL: as Representações Sociais dos profissionais da saúde pública de Belém
Marilda Martins Campos

Resumo


O objetivo deste trabalho é estudar o suicídio juvenil em Belém do Pará numa perspectiva construtivista. Analisa as representações construídas pelos profissionais da saúde pública que atuam no confronto direto com este fenômeno e verifica de que maneira estas representações estão implicadas nas suas práticas sociais cotidianas. Realiza o resgate das diferentes abordagens teóricas sobre o complexo fenômeno do suicídio e evidencia as singularidades que envolvem o ato suicida praticado por jovens. Discute os pressupostos teórico-metodológicos de análise fundamentados na teoria moscoviciana das Representações Sociais destacando os conceitos de ancoragem e objetivação das representações. Descreve as representações do suicídio juvenil a partir do discurso dos sujeitos consubstanciado num corpus de análise construído a partir da aplicação da técnica dos Grupos Focais e de entrevistas em profundidade. A análise considera a articulação entre as várias dimensões de estudo do campo das representações: as condições de produção e circulação, os estados e processos e o estatuto epistemológico das representações sociais. A interpretação dos discursos revelou que os profissionais constroem diferentes representações do ato suicida praticado por jovens que remetem a duas dimensões: a primeira, numa perspectiva individual, os sujeitos compreendem o suicídio vinculado a uma doença mental – a depressão, ancorada nas representações da loucura. Nessa mesma perspectiva, os profissionais concebem a tentativa de suicídio como um gesto de comunicação, uma forma do jovem “chamar a atenção”. Na segunda dimensão as construções representacionais dos sujeitos se aproximam de uma visão coletiva e complexa do fenômeno: o ato suicida do jovem passa a ser visto como um problema de saúde pública e de saúde mental que aponta para a responsabilização do Estado como propulsor de políticas públicas que contemplem medidas preventivas dos fatores de risco do suicídio em contraposição à falência do modelo curativo de assistência pública à saúde que vem sendo proposto.