Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Tendência da Epidemia de Aids nos Subgrupos de Maior Exposição ao HIV em um Município de Grande Porte do Sul do Brasil
Flaviane Mello Lazarini, Regina Melchior

Resumo


Introdução- Nos primeiros anos da epidemia de aids existiam os chamados “grupos de risco”, que englobavam homossexuais masculinos e usuários de drogas injetáveis (UDI). Com o passar do tempo o conceito de “grupos de risco” foi substituído por comportamento de risco, para englobar toda situação em que os sujeitos se expõem à infecção por HIV, independente do sexo e orientação sexual. Atualmente estudos apontam subgrupos mais expostos ao risco de contrair a infecção pelo HIV, entre eles estão UDI, homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres. Objetivo- Descrever as tendências da epidemia de aids entre os subgrupos de maior exposição ao risco de contrair infecção pelo HIV em Londrina-PR, no período de 1986 a 2008. Metodologia- Trata-se de um estudo quantitativo, agregado com abordagem retrospectiva. A população do estudo foi constituída de todos os casos notificados de aids residentes em Londrina-PR (1.912) no período de 1986 a 2008. Os dados foram retirados da base de dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Foram estudadas variáveis socioeconômicas e relacionadas às categorias de exposição ao HIV. Realizou-se o calculo das taxas de incidência para HSH, UDI, homens heterossexuais e mulheres na faixa etária de 14 a 49 anos para a comparação da exposição desses subgrupos. As taxas foram calculadas de maneira hierarquizada com base na estimativa das populações fornecida pela Pesquisa de Conhecimentos Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP) de 2004. Os dados foram tabulados no programa SPSS® 19.0 e apresentados em forma de gráficos e tabelas. Resultados- Os homossexuais masculinos mantiveram em toda a série uma proporção média de 32,1%. No início da epidemia 51% dos homens eram homossexuais ou bissexuais, porém o subgrupo UDI liderava com maior incidência de casos até o período 1991 a 1993 totalizando 1826,9 casos/100 mil habitantes. A partir de 2006 esse grupo perdeu seu lugar para o HSH. Houve um predomínio da incidência da aids entre homens heterossexuais no início da epidemia quando comparado ao grupo de mulheres, porém, as taxas de incidência em homens heterossexuais atingiram seu ultimo pico entre 1997 e 1999 com 38,4 casos/100 mil habitantes . A incidência entre mulheres ultrapassa a de homens heterossexuais a partir do ano 2000 e se mantem até 2008 acima deste grupo. Conclusão- A taxa de incidência em UDI caiu significativamente ao longo da série. Houve um crescimento nos últimos anos da epidemia nos subgrupos HSH e no grupo mulheres (homossexuais, bissexuais e heterossexuais) mostrando a maior vulnerabilidade desses indivíduos à infecção pelo HIV e a feminização da epidemia de aids.