Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Um Certo “Estranhamento” e sua Interveniência no Tratamento Hospitalar de Pacientes portadores de HIV/Aids
Alex Nazareno Ferreira de Miranda, Igor Francês, Ronildo Deividy Costa da Silva, Alessandro Melo Bacchini

Resumo


No atendimento hospitalar a pacientes acometidos pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), instaura-se o silêncio ensurdecedor que transpõe o limite da palavra, colocando o intervalo do que não pode ser dito, o inapreensível, entre a percepção e a marca mnêmica. Tal movimentação psíquica do cuidador atua de forma a acentuar, ou mesmo manifestar reação adversa ao enfermo, uma vez que aquele se apresenta incapaz de observar e de compreender suas próprias reações íntimas àquilo que o paciente lhe comunica e/ou representa. Este estudo pretende apresentar notas sobre como fenômenos psíquicos determinam a forma de trato a pessoas portadoras do vírus HIV, já em fase de desenvolvimento da AIDS, por profissionais que compõem a equipe de saúde para trato desta enfermidade. Foi tomado como base o conceito freudiano de Das Unheimliche enquanto movimentação psíquica sobre um fato, ato e/ou pessoa que nos afeta e, de uma certa maneira, nos movimenta psiquicamente em seu entorno nos inquietando. Para o estudo utilizou-se o método de estudo bibliográfico aliado a observações clínicas, com interpretações baseadas no método psicanalítico, realizadas no setor de doenças infecto-parasitárias (DIP) no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), integrante da rede SUS, em Belém-PA, em que foram levadas em consideração a forma como os profissionais de saúde tratavam pacientes com AIDS; referiam-se, direta ou indiretamente, a eles. Com o trabalho investigativo, foi possível descobrir que dentre os processos psíquicos inconscientes atuantes para esta questão, está o fato de que estes profissionais de saúde se depararam com uma “estranha familiaridade” com o que havia de repulsivo na forma de contágio do paciente, o que os apresentavam à idéia de que também estavam passíveis de tal contágio e, portanto, com elementos conscientes representativos de sua finitude, o que depõe contra a representação de imortalidade presente no inconsciente.