Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Uma reflexão sobre a vulnerabilidade à infecção pelo HIV/Aids- o
Tereza Claudia Camargo

Resumo


No cotidiano dos profissionais da saúde que lidam quase que diariamente com o processo do adoecimento, observamos que a prática da promoção da saúde, por vezes contradiz o estilo de vida que cerca esses profissionais. O estudo apresenta uma reflexão acerca dos fenômenos que permeiam o imaginário dessas pessoas que na mesma situação de vulnerabilidade aoHIV/Aids não modificam comportamentos de risco. A realidade aponta comportamentos de risco através da multiplicidade de parceiros e não utilização de preservativos em relações sexuais afetivamente instáveis. As estratégias utilizadas no processo de educação em saúde, nem sempre são efetivas nas mudanças de comportamento. O educador é aquele capaz de propiciar uma reflexão sobre os hábitos e estilos de vida, auxiliando nosprocessos de mudanças, para que se estabeleça um novo padrão de comportamento. A assistência ao portador do HIV inclui a educação permanente como forma de restabelecer a qualidade de vida, através dessas mudanças. O conceito de vulnerabilidade foi inicialmente associado à epidemia da Aids, onde entendíamos que os vulneráveis eram aqueles quemantinham práticas sexuais de risco que agravavam a epidemia. Hoje compreendemos que vulneráveis somos todos, em algum momento numa condição instável, porém uns numa situação de vulnerabilidade maior que a de outros, incluindo neste perfil, diversos fatores responsáveis pelos agravos. A vulnerabilidade pode estar associada à dificuldade de acessoaos serviços de saúde, a qualidade de vida, predisposição a determinadas doenças, baixa auto-estima, negligencia no que se refere ao auto cuidado, dentre outras condições. Agora frente a estas condições, os comportamentos são diiversificados, indo desde a angústia, negação ou despreocupação total com o risco. Como o profissional de saúde é aquele que detém o poder da cura ou do cuidado, no imaginário coletivo encontramos esse poder associado ao fato de que mesmo vulnerável, nele está a concepção falsa desegurança do cuidado e da imunidade na aquisição da infecção. O estudo propõe políticas de educação permanente como estratégia fundamental no processo de educação e transformação de comportamentos. Compreendendo quea reestruturação dos serviços e as mudanças de comportamento se concretizam através de determinantes sociais e econômicos sim, mas também através de valores e conceitos. Entendemos que nesse caso o profissionalpassa também a ser considerado o sujeito no processo ensino-aprendizagem, como forma de rever os próprios comportamentos, sendo capaz de modificá-lo. A educação permanente é estrategicamente repensada, pois oprocesso de trabalho é encarado como centro privilegiado da aprendizagem, através de práticas que devem ser intersetorializadas envolvendo a interdisciplinaridade do conhecimento. A educação permanente permite umaanálise crítica dos processos de trabalho através da problematizaçáo do processo saúde doença, trazendo mais efetividade porque mobiliza diversos saberes. O trabalhador neste contexto passa também a ser sujeito desdeaprendizado na tentativa de rever seus valores, sendo capaz de propor mudanças de comportamentos nos outros e reestruturando também suas práticas. No país existem políticas voltadas para saúde do trabalhador, porém necessitam ser incrementadas com ações em saúde que permitam aostrabalhadores repensarem a prática e o cotidiano que os insere da mesma forma que os pacientes que relatam as suas estórias. O imaginário coletivo dos profissionais de saúde desvela uma invencibilidade as infecções sexualmente transmissíveis, porque se aprende a cuidar e tratar depessoas, esquecendo - se quase sempre da vulnerabilidade natural que envolve o processo de interagir, e se relacionar física e emocionalmente. Portanto, entendemos que as estratégias de educação permanente podem propiciar mudanças comportamentais significativas na vida dostrabalhadores da saúde.