Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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GRUPO MUSICAL “BATUKI MENTAL”: UMA PROPOSTA DE SOCIALIZAÇÃO PARA USUÁRIOS DA REDE DE SAÚDE MENTAL DO MUNICÍPIO DE ALFENAS/MG
Mateus Ferraroni, Maysa Sales Santos, Alessandra Teófilo Silva, Washington Corrêa Menezes, Andréa Lima, Simonton Andrade Silveira

Resumo


No Brasil, apesar dos avanços legislativos no campo da saúde mental, a cultura da impunidade e da violação dos Direitos Humanos dos portadores de transtornos mentais permanece, sobretudo, nos hospitais psiquiátricos que ainda funcionam. O processo de desinstitucionalização requer um preparo da Rede de Saúde Mental para que o paciente psiquiátrico seja assistido adequadamente. Tratar em liberdade é conquista inquestionável da Reforma Psiquiátrica, de forma que o surgimento dos Centros de Atenção Psicossocial representou uma grande novidade no panorama hospitalocêntrico dominante. O Centro de Convivência Esperança faz parte da rede de atenção em Saúde Mental do município de Alfenas/MG. Esta instituição possui o objetivo de oferecer espaços de convívio e sustentação das diferenças na comunidade e em vários espaços da cidade, facilitando a construção de laços sociais e inclusão das pessoas com transtornos mentais. Além disto, articula com os serviços de saúde como o CAPS, Serviço de Residência Terapêutica, Unidades Básicas de Saúde, Estratégias ESF, bem como os serviços da rede de assistência social, intervenções ligadas a educação e cultura. O que se opera não é o tratamento por princípio, mas a oferta de atividades criativas e diferenciadas, relacionadas à cultura, tendo nas oficinas seu elemento organizador. Uma das oficinas oferecida é a de música. Existe um grupo musical denominado Batuki Mental, composto por 9 usuários, que iniciou suas atividades em março de 2013. Este grupo é dirigido por um monitor responsável pelos ensaios, que junto com o grupo compuseram 12 músicas e em breve gravarão um CD. Atualmente, o grupo faz ensaios semanalmente e realizam apresentações culturais no município rotineiramente. É sabido que a música pode ser usada como instrumento ou meio de expressão a fim de iniciar alguma mudança ou processo de crescimento direcionado ao bem-estar pessoal, adaptação social, crescimento adicional e muitos outros benefícios. A música não tem um caráter curativo, mas é um fator coadjuvante no tratamento e uma função importante na estabilidade emocional e na qualidade de vida destes indivíduos. Os usuários participantes do grupo se demonstram plenamente realizados e autoconfiantes. Os ouvintes sempre se encantam com a independência dos usuários e com a qualidade da música apresentada. O processo de inclusão social do paciente psiquiátrico se faz necessário. São projetos como este que tornam essa realidade possível.

Palavras-chave


Saúde Mental; Socialização; Música

Referências


RUUD, E. Caminhos da Musicoterapia. São Paulo: Summus, 1990.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil: Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas, Brasília, 2005.