Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
MEDIAÇÕES HISTÓRICAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO E EDUCAÇÃO: ENSAIO SOBRE AS POLÍTICAS VOLTADAS PARA OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Mariana Lima Nogueira

Resumo


Este ensaio é produto de um projeto de doutorado, em andamento, sobre a organização política dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Os ACS, que atualmente somam 250.000 trabalhadores em todo o país, possuem sua história marcada pela precarização dos vínculos empregatícios e esvaziamento da formação profissional (MOROSINI, 2010). A história das políticas públicas para o trabalho e para formação do ACS apresenta disputas situadas nos campos da atenção primária à saúde e da educação profissional em saúde que são identificadas, principalmente, nos aspectos referentes à formação profissional, ao reconhecimento social, à profissionalização, à organização dos trabalhadores ACS, ao processo e às condições de trabalho. O processo de expansão do Programa de Saúde da Família e a precarização do trabalho dos ACS ocorre na conjuntura em que o projeto neoliberal se torna hegemônico no Estado Brasileiro. As políticas de formação na década de 1990 são marcadas pelo “modelo de competências” que ratifica a flexibilização das relações de trabalho e fortalece um projeto de formação humana subsidiado para que os trabalhadores sejam “capazes de encarar como naturais as condições de exploração flexível” (CHINELLI; LACERDA e VIEIRA, 2011, p.58). Na área da educação prevaleceu a formulação e implantação de programas cujas ideias chaves eram “qualidade”, “competência”. Neves e Pronko (2010) afirmam que nas últimas décadas, incluindo os anos 2000, o Estado assume uma função de coordenador da expansão privatizada das políticas sociais. Frigotto (2012) ressalta que para uma análise das forças sociais e políticas da primeira década do século XXI no Brasil é necessário examinar a continuidade do projeto da década de 90, e também, as diferenciações que ocorreram a partir dos anos 2000, como: a relação distinta que se estabeleceu com os movimentos sociais, a ampliação em grande intensidade de políticas sociais voltadas para as massas, entre outros. Aponta-se que para estudo sobre a relação trabalho e educação dos ACS é essencial a análise sobre os processos históricos que conformam este fenômeno em sua totalidade (as políticas educacionais e para o trabalho que indicam a luta de classes que constitui o Estado Brasileiro), mas também em sua particularidade (como a criação da Secretaria de Gestão do trabalho e da educação da Saúde, as lutas engendradas pelos movimentos sociais dos ACS, a criação do Curso técnico de ACS e os quase dez anos sem efetivação da formação técnica completa dos ACS no país; a heterogeneidade dos vínculos empregatícios e contratações diretas e indiretas entre outras questões).

Palavras-chave


trabalho; educação; agentes comunitários de saúde;

Referências


CHINELLI, F; LACERDA, A; VIEIRA, M. A reconfiguração gerencial do Estado brasileiro e os trabalhadores da saúde nos anos 1990. In: VIEIRA, M; DURAO, A; LOPES, M.R. (Orgs.) Para além da comunidade: trabalho e qualificação dos agentes comunitários de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV, 2011. p.33-78.

FRIGOTTO, G. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional. In: CIAVATTA, M. Gaudêncio Frigotto um intelectual crítico nos pequenos e nos grandes embates. Belo Horizonte, Editora Autêntica, 2012, p.159-176.

MOROSINI, M.V. Educação e trabalho em disputa no SUS: a política de formação dos agentes comunitários de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV, 2010.

NEVES, L.M.W; PRONKO, M. A atualidade das idéias de Nicos Poulantzas no entendimento das políticas sociais no século XXI. In: Germinal: Marxismo e Educação em Debate.  Londrina, v. 1, n. 2, p. 97-111, jan. 2010.