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INVISIBILIDADE NA SAÚDE? PRÁTICAS DESENVOLVIDAS POR ENFERMEIROS/AS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA PARA REDUÇÃO DAS VULNERABILIDADES DOS PROFISSIONAIS DO SEXO
Resumo
Introdução: Historicamente, a prostituição nunca foi reconhecida como trabalho formal, ou seja, que garanta direitos e deveres para quem o exerce. O não reconhecimento social desta atividade deve-se aos preconceitos e estereótipos permeados pela construção sócio-histórica de valores morais que permeiam o sexo e a sexualidade, o que reflete na prática da prostituição associada à clandestinidade, de maneira marginalizada, com consequências no processo saúde doença dos/as profissionais do sexo, tendo em vista a vulnerabilidade e a exposição constante a fatores de risco. Neste aspecto, esta população convive com a invisibilidade frente às políticas públicas, enfrentando dificuldades de acesso aos serviços de saúde, a exemplo da Estratégia Saúde da Família (ESF), que não tem propiciado de forma satisfatória, assistência a este grupo. Objetivo: Identificar a percepção de enfermeiros/as acerca da vulnerabilidade das pessoas que exercem a prostituição e as ações/estratégias para redução dos fatores de risco desta população na ESF, no município de Juazeiro do Norte–CE. Método: Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, realizada por meio de entrevista semiestruturada, com 12 enfermeiros da ESF, que tiveram seus discursos organizados conforme análise de Conteúdo de Bardin e analisados à luz da literatura pertinente. Resultados: Observou-se nos relatos, que há dificuldades estruturais e operacionais na atenção primária, principalmente relacionados à falta de planejamento e recursos humanos/financeiros no âmbito municipal, que se refletem na dificuldade de acesso deste segmento populacional à assistência em saúde, o que impede o desenvolvimento de intervenções sobre os fatores de vulnerabilidade que permeiam a vida e a prática laboral dos/as profissionais do sexo. Ainda, as poucas atividades realizadas se concentram em distribuição de preservativos, estando os momentos educativos em segundo plano, sendo evidenciado a dificuldade de aproximação com o grupo. Conclusão: Verifica-se que a ESF, enquanto porta de entrada do Sistema Único de Saúde, bem como as ações desenvolvidas pela enfermagem, por razões pessoais e estruturais, não tem contribuído para a redução satisfatória da vulnerabilidade de segmentos sociais historicamente marginalizados. Aponta-se a necessidade de (re) organização dos programas e serviços, atividades educativas, aconselhamentos e acolhimentos que, ao final, possuem efetividade e resolutividade.
Palavras-chave
Assistência Integral à Saúde; Prostituição; Vulnerabilidade em Saúde; Riscos Ocupacionais; Enfermagem em Saúde Comunitária.