Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ABORDAGEM AO ADOLESCENTE: RETERRITORIALIZANDO UM MUNDO MELHOR
Tatiana Monteiro Fiuza, Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, Francisco Ursino da Silva Neto, Renan Magalhaes Montenegro Junior

Resumo


Esse trabalho retrata intervenção cujo objetivo foi atuar na promoção da saúde de adolescentes residentes na Barra do Ceará na periferia de Fortaleza, na perspectiva do vínculo entre equipes de saúde com adolescentes e priorizando o protagonismo destas. A equipe observou que a população adolescente não possuía acesso à equipe de saúde e as iniquidades de acesso ultrapassavam a saúde, se estendendo ao lazer e a educação. A inspiração para iniciar e trilhar em caminho pedregoso veio de Paulo Freire em sua pedagogia da esperança. Compreendermos a atual desesperança de grande parte da população, em especial de profissionais de saúde como algo concreto e gerado por razões históricas, econômicas e sociais. Mas, a esperança é necessária e ontológica na luta por um mundo melhor. Problemas como gravidez não planejada, violência intrafamiliar, famílias desestruturadas, evasão escolar surgiam constantemente. A estratégia foi encontros semanais entre grupo de adolescentes (10 a 19 anos) do sexo feminino com a equipe. O grupo se denominou Sociedade das Adolescentes Cabeças (SACS). Temas relacionados à “vida cotidiana” dessas jovens são conversados e ideias geradoras surgem dessas rodas de conversa. Os princípios doutrinários das SACS, eleitos por elas são: “Não usar drogas; estudar; não namorar homens que batem em mulheres, respeitar a família, não mentir para a Tia, sendo esta a autora deste trabalho.” As adolescentes passaram a participar de grupos de mulheres, realizarem atividades educativas com outros jovens, frequentar aulas de reforço, aulas de dança, recreação, cuidar de moradores de rua ir ao cinema e teatro, conhecer as universidades, dentre outros. As SACS existem há cinco anos e hoje são 60 jovens. As fundadoras do grupo, hoje com 17 anos são as “diretoras”, permanecem na escola e tem planos para o futuro. Pensar é desterritorializar e esses só são possíveis na criação. Para criar algo novo é necessário romper com o território existente, sair da “zona de conforto” e criar novos territórios. Com essa contribuição critica pretendemos avivar o trânsito, as linhas de fuga do exílio a cidadania. Através de linguagem peculiar ao adolescente, longitudinalmente, no contexto de vida, baseando-se em situações limites e na utopia de sonhar, aspectos relacionados à promoção da saúde, uso de drogas, evasão escolar, violência contra mulher, cultura de paz, respeito ao próximo e a família passaram a fazer parte da abordagem da equipe de saúde da família.

Palavras-chave


Adolescência

Referências


1-      Fiuza, Tatiana Monteiro; Gomes, Kilma Wanderley Lopes; Silva, Maria Rocineide da. Abordagem ao adolescente pelo médico de família e comunidade:princípios gerais e problemas mais comuns. In: Programa de Atualização em Medicina de Família e Comunidade, Artmed, Porto Alegre, 2008.

2-      Pires, Joelza Mesquita Andrade. Atenção à saúde da criança e do adolescente em situação de violência. In: Duncan, Bruce B; Schmidt Maria Inês; Giugliani, Elsa R.J.; Duncan, Michael Schmidt; Giugliani, camila. Medicina Ambuatorial Baseada em Evidências: condutas na atenção primária baseadas em evidência.Armed, Porto alegre, 2013

3-      Deleuze, Gilles, 1925-1995  D39m   Mil platôs - capitalismo e esquizofrenia, vol. 1 / Gilles v.l  Deleuze, Félix Guattari ; Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. —Rio de janeiro : Ed. 34, 1995 94 p. (Coleção TRANS)

4-      Deleuze, G. e Guatarri, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia . Vol. 3. Rio de Janeiro: Editora 34. 1996.

 

5-      Freire, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Paz e terra, São Paulo, 2011.