Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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OBSERVAÇÃO DA MUDANÇA COMPORTAMENTAL PÓS-INCLUSÃO DO PAI NO CONTEXTO DO PARTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O PROGRAMA PARTO QUE TE QUERO PERTO
Thais Brandão Carvalho de Oliveira, Manuela Sobral Bentes de Melo, Valquiria Bruno Noroes, Isabela Capistrano Pinto, Isabelle Oliveira Parahyba, Marcio Coelho Parahyba Júnior

Resumo


Introdução: O conceito de parto mudou radicalmente durante a história da humanidade. Após a institucionalização do parto, as mulheres deixaram de parir em seus lares, no ambiente familiar, sofrendo uma ruptura cultural. Em abril de 2005 foi sancionada a Lei n.11.108, que protocola o direito da parturiente à presença de um acompanhante durante o trabalho de parto. Porém esta é desconhecida por usuários da saúde. Estudos comprovam que o apoio durante o trabalho de parto beneficia as gestantes, contribuindo para redução das taxas de cesariana e duração do trabalho de parto, além de incentivar o aleitamento. O pai do bebê é considerado o acompanhante ideal no processo de parturição, devido à formação de vínculo familiar e ao apoio psicológico à mãe. Em 2008 o Hospital Gonzaga Mota de Messejana (HGMM), em Fortaleza/CE, iniciou o programa "Parto que te quero perto" que tem como objetivo introduzir o pai nos âmbitos inerentes à gestação, o parto e os cuidados com o bebê. OBJETIVOS: Avaliar a mudança comportamental dos pais após a inserção do pai no programa “parto que te quero perto”. Métodos: Estudo qualitativo, observacional, realizado no HGMM, em Fortaleza/CE. A população do estudo foi formada por trinta casais “grávidos” maiores de 18 anos, admitidos na instituição e que aceitaram a participação mediante termo de compromisso. A coleta de dados foi realizada de Março a Abril de 2013. Foram aplicados 30 questionários semiestruturados, respondidos pelos pais no momento do pós-parto imediato. Os dados foram consolidados segundo a Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (BARDIN, 2007) e categorizados de acordo com as percepções do pai e como isso influenciou na sua mudança comportamental. Resultados: Dos 30 pais entrevistados, 28 (93%) relataram uma mudança no modo de sentir, visualizar e apoiar a parceira no momento do parto, ressaltando a importância da experiência no desenvolvimento do vínculo familiar. Os resultados reafirmaram o observado na literatura quanto à importância da inclusão do pai no parto. Pudemos avaliar a mudança comportamental imediata e a formação do vínculo familiar em uma hora tão crucial como o nascimento do filho. Ajudamos, também, a divulgar a lei que dá o direito da parturiente a um acompanhante na sala de parto. Conclusão: Por fim, concluímos que o pai é peça fundamental na boa assistência ao parto, pois assim podemos encarar a parturiente como um todo, englobando suas necessidades fisiológicas e psico-sociais.

Palavras-chave


parto; participação pai; gestação

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