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OBSERVAÇÃO DA MUDANÇA COMPORTAMENTAL PÓS-INCLUSÃO DO PAI NO CONTEXTO DO PARTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O PROGRAMA PARTO QUE TE QUERO PERTO
Resumo
Introdução: O conceito de parto mudou radicalmente durante a história da humanidade. Após a institucionalização do parto, as mulheres deixaram de parir em seus lares, no ambiente familiar, sofrendo uma ruptura cultural. Em abril de 2005 foi sancionada a Lei n.11.108, que protocola o direito da parturiente à presença de um acompanhante durante o trabalho de parto. Porém esta é desconhecida por usuários da saúde. Estudos comprovam que o apoio durante o trabalho de parto beneficia as gestantes, contribuindo para redução das taxas de cesariana e duração do trabalho de parto, além de incentivar o aleitamento. O pai do bebê é considerado o acompanhante ideal no processo de parturição, devido à formação de vínculo familiar e ao apoio psicológico à mãe. Em 2008 o Hospital Gonzaga Mota de Messejana (HGMM), em Fortaleza/CE, iniciou o programa "Parto que te quero perto" que tem como objetivo introduzir o pai nos âmbitos inerentes à gestação, o parto e os cuidados com o bebê. OBJETIVOS: Avaliar a mudança comportamental dos pais após a inserção do pai no programa “parto que te quero perto”. Métodos: Estudo qualitativo, observacional, realizado no HGMM, em Fortaleza/CE. A população do estudo foi formada por trinta casais “grávidos” maiores de 18 anos, admitidos na instituição e que aceitaram a participação mediante termo de compromisso. A coleta de dados foi realizada de Março a Abril de 2013. Foram aplicados 30 questionários semiestruturados, respondidos pelos pais no momento do pós-parto imediato. Os dados foram consolidados segundo a Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (BARDIN, 2007) e categorizados de acordo com as percepções do pai e como isso influenciou na sua mudança comportamental. Resultados: Dos 30 pais entrevistados, 28 (93%) relataram uma mudança no modo de sentir, visualizar e apoiar a parceira no momento do parto, ressaltando a importância da experiência no desenvolvimento do vínculo familiar. Os resultados reafirmaram o observado na literatura quanto à importância da inclusão do pai no parto. Pudemos avaliar a mudança comportamental imediata e a formação do vínculo familiar em uma hora tão crucial como o nascimento do filho. Ajudamos, também, a divulgar a lei que dá o direito da parturiente a um acompanhante na sala de parto. Conclusão: Por fim, concluímos que o pai é peça fundamental na boa assistência ao parto, pois assim podemos encarar a parturiente como um todo, englobando suas necessidades fisiológicas e psico-sociais.
Palavras-chave
parto; participação pai; gestação
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