Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ÁLCOOL, CRACK E OUTRAS DROGAS: DIFICULDADES PROFISSIONAIS NO LIDAR COTIDIANO
Ellayne Karoline Bezerra da Silva, Lúcia Cristina dos Santos Rosa

Resumo


A recente Política de Redução de Danos pautada no reconhecimento das singularidades de cada usuário, onde são traçados em conjunto com eles as estratégias que estão voltadas não para a abstinência como único objetivo a ser alcançado, mas para a defesa de sua vida. No entanto, para que esta perspectiva tenha bons resultados é necessário que haja interações que promovam não apenas uma mudança comportamental, mas que intervenha na construção da rede de suporte social, envolvendo profissionais, familiares e a comunidade. Diante desse novo contexto, novas demandas são colocadas aos profissionais da saúde, requerendo um profissional “propositor, formulador, articulador, gestor, implementador, negociador, investigador e equacionador, face aos processos de mudanças estruturais do Estado e às exigências bioéticas e do mercado”. (BRASIL, 2006). Nesse sentido, este trabalho buscou relatar uma experiência de um módulo ministrado no Curso de atualização sobre intervenção breve e aconselhamento motivacional em crack e outras drogas para agentes comunitários de saúde, redutores de danos, agentes sociais e profissionais que atuam nos consultórios de rua da região entre rios. O módulo intitulado “A relação ACS/ usuário: medo, poder e possibilidades. Os limites e a negociação” foi ministrado de forma bastante participativa e objetivou pontuar as principais dificuldades e os temores no lidar cotidiano destes profissionais com os usuários de álcool, crack e outras drogas. De modo geral, constatou-se que as maiores dificuldades encontradas pelos profissionais referem-se ao despreparo na abordagem aos usuários, a não aceitação por parte deles à sua condição de dependente químico, as angústias frente às recaídas dos usuários que são acompanhados, o desafio de atuar com as famílias, e principalmente, a fragilidade da rede socioassistencial que por muitas vezes não dispõe de serviços suficientes para atender todas as demandas. Assim, concluiu-se que momentos como este são de extrema valia tanto no que concerne ao engrandecimento e reciclagem profissional, quanto ao compartilhamento de experiências e potencialização das ações destes profissionais que embora não se reconheçam como capazes de lidar com o problema, demonstram na prática que são grandes detentores do saber.

Palavras-chave


Redução de danos; Profissionais de saúde; Cotidiano

Referências


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