Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CARACTERIZAÇÃO DAS REPORTAGENS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DIVULGADAS NA MÍDIA
Gracyelle Alves Remigio Moreira, Rafaela Oliveira de Sales, Layna Tayaná da Silva Pontes, Luiza Jane Eyre de Souza Vieira, Lívia de Andrade Marques, Poliana Magalhães, Gerarda Maria Araujo Carneiro, Aline Veras Morais Brilhante

Resumo


No contexto da violência, as mulheres se encontram em situação de vulnerabilidade para vivenciar as expressões do problema. A violência contra a mulher constitui-se em uma questão de saúde pública e uma violação dos direitos humanos. Este problema está entre os temas que atraem a opinião pública, sendo alvo frequente de reportagens veiculadas nos meios de comunicação. A mídia exerce importante papel na divulgação e reflexão da questão, visto que o problema ocorre, muitas vezes, em ambientes privados sem o conhecimento do público. Objetivou-se descrever as características das reportagens de violência contra a mulher divulgadas em um meio de comunicação, na mídia digital, em Fortaleza, Ceará. Trata-se de um estudo descritivo de caráter documental. As matérias jornalísticas foram coletadas no jornal Diário do Nordeste, do ano de 2012, por meio de pesquisa ao acervo eletrônico deste veículo de comunicação. Incluíram-se reportagens que abordavam a questão da violência contra a mulher no seu conteúdo. A coleta de dados aconteceu durante os meses de junho e julho de 2013, e incluiu as seguintes fases: seleção de notícias, arquivamento e fichamento das reportagens selecionadas. Os dados foram organizados e analisados utilizando-se a estatística descritiva. O processo de coleta de dados resultou em 197 reportagens. A idade das mulheres em situação de violência variou entre 19 e 90 anos, com média de idade de 36,4 anos (DP=15,6). Constatou-se maior número de matérias no mês de julho (33/16,8%), prevalecendo às reportagens de relato de violência (87/44,2%), destacando-se o homicídio (97/49,2%) como o tipo de violência mais divulgado. Na maioria das notícias, a vítima não tinha proximidade com o perpetrador (137/69,5%), o agressor era desconhecido (94/47,7%), a vítima apresentou sequela do ato (164/83,2%), o agressor não foi punido (120/60,9%) e a vítima foi exposta na reportagem (127/64,5%). Na maior parte das reportagens, não houve a divulgação dos meios de denúncia da violência contra a mulher (157/79,7%) e não foi descrito as formas de prevenção do problema (188/95,4%). Sabe-se que o enfrentamento da violência contra a mulher, por ser um fenômeno complexo, requer intervenção interdisciplinar, requerendo ações e estratégias articuladas com diversos segmentos da sociedade. Nesse contexto, a mídia possibilita a visibilidade e reflexão de acontecimentos e ações, constituindo-se em um canal de diálogo permanente com a sociedade em geral.

Palavras-chave


Violência contra a mulher; Meios de comunicação; Relatos de violência

Referências


LANDINI, T. S. Pedófilo, quem és? A pedofilia na mídia impressa. Cad. Saúde Pública, v. 19, n. 2, p.5273-5282,  2003.

SCHRAIBER, L. B. et al. Violência contra mulheres entre usuárias de serviços públicos de saúde da Grande São Paulo. Rev Saúde Pública, v. 41, n. 3, p. 359-367, 2007.