Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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INTERCONSULTA ENQUANTO FERRAMENTA DE TRABALHO E DO PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR: DESAFIOS PARA EFETIVAR NA CLÍNICA COMPARTILHADA
Debora Melo Canedo Santos, Elisa Proença da Silva Mendonça, Luara Fernandes França Lima

Resumo


O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) vem se configurando como uma importante estratégia para a ampliação do escopo de ações realizadas na APS e qualificação da atenção em saúde, na direção de uma maior integralidade do cuidado. Os núcleos de apoio, com profissionais de diversas categorias e através de diferentes atividades, trabalham com as equipes de Saúde da Família para compreender as demandas e necessidades da população e pensar estratégias para dar resolutividade às mais diversas situações, articulando a rede de cuidados e ampliando a ação da equipe de SF. O NASF Nascimento Gurgel, composto por assistente social, educadora física, psicóloga e nutricionista, vem trabalhando desde junho de 2012 em três bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro e matricia onze equipes de ESF. Dentre as diversas atividades realizadas pelo NASF, consideramos importante a reflexão acerca da “consulta conjunta”, sua importância e implicações no cotidiano do trabalho junto às equipes de SF. O dispositivo da “consulta conjunta” é uma importante ferramenta da educação permanente “em ato”, na medida em que profissionais matriciadores e matriciados atuam juntos na escuta ao paciente colocando em cena seus olhares sobre a situação para então construir e/ou complementar o Projeto Terapêutico Singular. O momento de consulta conjunta é interessante, pois coloca em evidencia os impasses do trabalho interdisciplinar. Para o matriciador, colocam-se os desafios de delimitar a fronteira entre seu conhecimento especializado e o que é compartilhável (o que de seu campo de conhecimento pode ser incorporado ao campo de práticas do profissional da equipe de SF), e também o de deslocar-se do lugar de especialista. Para o profissional matriciado, é importante que tenha disponibilidade para esta mescla de conhecimentos e práticas, deslocando-se de uma visão do matriciador como especialista para um olhar sobre a integralidade do cuidado. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de construção de um lugar para este dispositivo, a partir destas reflexões, no cotidiano do trabalho entre as equipes de SF e a equipe do NASF. O investimento da equipe nas consultas conjuntas, no melhor entendimento dos profissionais acerca desta ferramenta e do trabalho interdisciplinar vem tendo como efeitos a maior disponibilidade dos profissionais no trabalho com a equipe do NASF e na integralidade do cuidado ao usuário. A partir disso, nosso trabalho tem sido o de qualificar cada vez mais este espaço.

Palavras-chave


consulta conjunta; saúde da família; NASF