Resumo
Ao se pensar em educação em saúde, por muitas vezes pensa-se numa concepção de educação de modo a fazer com que a população mude seus hábitos para poderem adquirir práticas higiênicas a partir de recomendações médicas e científicas que evitariam o aparecimento ou o desenvolvimento de doenças. Visualizamos que a concepção generalista de educação em saúde estabelece relações impositivas nos espaços formais de ensino-aprendizagem, na medida em que os profissionais de saúde assumem o papel de “educador” e os usuários dos serviços de saúde a condição de “educando”, desconsiderando a possibilidade de troca de experiências, as subjetividades de cada comunidade, na medida em que não estabelecemos a vinculação dos problemas de saúde de grupos sociais específicos com as suas condições reais de vida, assim, desenvolvemos atividades que tendem a desconsiderar as situações de risco de cada comunidade. No entanto, a concepção de Educação Popular define que educar para a saúde é um processo de trocas de saberes e experiências, é ajudar a população a compreender as causas dessas doenças e a se organizar para superá-las, envolvendo também nesse processo os profissionais e os gestores de saúde. O objetivo deste trabalho é entender a importância da concepção de educação em saúde, a saber, que esta é uma área do conhecimento que contribui decisivamente para a consolidação e fortalecimento dos princípios do Sistema Único de Saúde – SUS (universalidade, integralidade, equidade). O SUS foi uma conquista dos movimentos sociais em busca pela reforma sanitária, ele foi instituído pela Constituição Federal de 1988, que por sua vez, no seu Art. 196 concebe a saúde como um direito de todos e dever do Estado. Na década de 20, a Educação em Saúde surge no Brasil devido a exigências da economia agroexportadora vigente. Houve a imposição de uma política sanitária que através de medidas autoritárias visava controlar algumas enfermidades. Nesse período, as práticas de educação em saúde apresentavam características normativas, desconsiderando a população como um sujeito coletivo e ativo no processo de saúde (MELO, 1987; SMEKE e OLIVEIRA, 2001). Diante do exposto, concluímos no presente trabalho, a relevância da educação em saúde como prática social, cujo processo contribui para a formação da consciência crítica das pessoas a respeito de seus problemas de saúde, a partir da sua realidade, e estimula a busca de soluções e organização para a ação individual e coletiva.
Palavras-chave
Referências
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