Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CONDIÇÕES DE TRABALHO DE ENFERMEIRAS EM UM HOSPITAL PÚBLICO NA BAHIA
Mariana Costa da Silva, Silvone Santa Bárbara Silva Santos

Resumo


O estudo analisa as condições de trabalho de enfermeiras em um hospital de administração pública indireta, durante o ano de 2012. Metodologia: Trata-se de um recorte de uma pesquisa qualitativa realizada através de um estudo de caso. A coleta de dados foi realizada com entrevista semiestruturada e observação sistemática. A análise dos dados foi realizada de acordo com a análise temática de Bardin (2006). O estudo obedeceu a Resolução 466/2012 , obtendo parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana. Resultados e Discussão: As enfermeiras apresentam carga horária máxima de trabalho mensal de 120 horas, carga horária esta almejada pelas entidades representativas da categoria. Os vínculos empregatícios eram todos terceirizados através de uma cooperativa de saúde, que presta serviço à fundação hospitalar municipal que gere o hospital. Através desta contratação as enfermeiras não assumem o papel de cooperadas, mas de funcionárias da cooperativa, não há divisão de receitas, responsabilidades compartilhadas, ou escolha democrática da direção da cooperativa. A contratação é realizada através de indicação política, sendo que não é considerada a qualificação das profissionais para desenvolver as atividades. O fator crucial para a contratação é a troca de favores entre os políticos e as trabalhadoras empregadas, um exemplo é o apoio em ano eleitoral em troca da manutenção do emprego. Deste modo, pode se observar que a flexibilização do vínculo trabalhista serve ao interesse político que tornam as trabalhadoras reféns dos jogos de interesses eleitorais. Há um descontentamento entre as enfermeiras com esta situação, sentem-se desvalorizadas, inseguras em seu trabalho, e demonstram que não concordam com o que acontece, mas temem o desemprego e aceitam estas condições, o que demonstram um enfraquecimento político na luta por melhores condições de trabalho. Impedidas de lutar por estarem inseridas num contexto desfavorável apontam o concurso público como uma possibilidade de superação, entretanto não visualizam que o concurso por si só não resolverá os problemas decorrentes desse contexto. Considerações finais: É necessário que as enfermeiras busquem o fortalecimento político através das entidades de classe e que se articulem com outras categorias profissionais da saúde, unificando a luta contra a flexibilização do trabalho e a manutenção dos direitos trabalhistas, com vistas a consolidação do SUS.

Palavras-chave


Condições de trabalho; enfermeira; cooperativa

Referências


BARDIN, L.. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.