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INTERCÂMBIO COOPERATIVO COMO ESTRATÉGIA TRANSFORMATIVA
Resumo
O Centro de Saúde Internacional (CSI) da Universidade de Bolonha vem multiplicando esforços na área da Atenção Primaria à Saúde (APS), tanto na pesquisa como na formação. Entre essas atividades formativas – extensão comunitária, cursos para estudantes de graduação e pós-graduação da área de saúde, e profissionais do Serviço Sanitário Nacional (SSN)– o CSI oportuniza a participação em estágios e programas de imersão que possibilitam a vivência de realidades e de dinâmicas de trabalho diferentes, promovendo maior criticidade sobre os seus conhecimentos e os preconceitos adquiridos. O SSN, especificamente aquele da Região Emilia Romagna, está atualmente sob um processo de reforma devido à crise europeia, que forçou a redução de recursos e cortes na saúde. Neste contexto a rede de atenção primária italiana vai ter um papel tão importante quanto difícil: absorver a redução de acesso aos níveis secundário e terciário enquanto tenta de responder à forte demanda, atualmente insatisfeita, de integralidade, resolutividade e maior humanidade do cuidado, cada vez mais negligenciada, perdendo-se entre camadas espessas de um sistema hospitalocêntrico e hiperespecializado. A cooperação entre o CSI e a Prefeitura de Rio de Janeiro tem realizado intercâmbio entre médicos e estudantes ligados a estas instituições. Em março de 2013 três estudantes de especialização em Medicina de Família e Comunidade da cidade de Reggio Emilia, Itália, participaram de atividades formativas da Residência em Medicina de Família e Comunidade do Rio de Janeiro, e puderam acompanhar o trabalho nas Clínicas de Saúde da Família da Prefeitura, sob a supervisão de preceptores credenciados. Esse estágio foi o último passo de um percurso de aproximação entre o CSI e médicos em formação especialista, que visa sensibilizar os futuros trabalhadores da rede de APS italiana a uma dinâmica de trabalho diferente daquela vigente atualmente. Desta forma, a imersão em outro contexto e o confronto com colegas de outro país exprime o seu potencial formativo, objetivando ideias e conceitos que anteriormente seriam considerados apenas como teoria ou hipótese. Da mesma forma, o conhecimento e as experiências incorporadas pelos participantes do intercambio vai trazer elementos de novidade e desconforto que podem explicitar questões antes despercebidas. É por meio desta auto reflexão e nessa aposta de encontro e desencontro de diferentes realidades que se explicita o potencial (trans)formativo do confronto internacional.