Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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SAÚDE E DOENÇA: CONCEPÇÕES E NECESSIDADES PERCEBIDAS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA
Mayara Lima Barbosa, Suely Deysny de Matos Celino, Gabriela Maria Cavalcanti Costa

Resumo


Introdução: Os conceitos de saúde e de doença têm sido abordados de diferentes formas ao longo da história, refletindo a conjuntura econômica, política e cultural de uma sociedade. Assim sendo, apesar de o enfoque preponderante sobre o modelo médico biológico, ao longo do século XX, diversas abordagens estiveram intercaladas sobre a concepção do processo saúde-doença, como a determinação social, debatida na Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, 1986 na cidade de Ottawa. Partido desse pressuposto, torna-se relevante considerar a situação em que se encontram os indivíduos encarcerados em nosso país, tendo em vista os conhecidos problemas de saúde decorrentes das condições de confinamento. Objetivo: Compreender concepções de saúde e doença e as necessidades percebidas dos detentos do Sistema Penitenciário do estado da Paraíba. Metodologia: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado entre os meses de fevereiro e dezembro de 2012. A amostra foi composta por 53 apenados. A coleta de dados foi realizada a partir de uma entrevista semiestruturada e analisados sob a ótica do referencial teórico da análise de conteúdo. Resultados: Verificou-se predominância de detentos com idades entre 20 e 29 anos, solteiros, com naturalidade paraibana e com ensino fundamental incompleto. Através dos discursos dos sujeitos emergiram as categorias concepções sobre saúde-doença e necessidades percebidas. No que se refere às concepções sobre saúde e doença dos apenados, evidenciou-se que o entendimento dos sujeitos variou desde a ideia mágico-religiosa até as reflexões, mesmo que superficiais, sobre a determinação social do processo saúde-doença, embora tenha prevalecido um quadro teórico que em muito se aproxima do modelo biomédico. Como necessidades percebidas, os sujeitos enfatizam o aspecto da assistência em saúde como ponto fundamental a ser priorizado no âmbito do encarceramento, principalmente quando se trata da resolutividade de seus problemas, destacando mais uma vez a ideia que apresentam de saúde como ausência de doença e a assistência centrada na figura do profissional médico. Considerações finais: Recomendam-se ações de promoção da saúde no âmbito penitenciário, a fim de possibilitar avanços significativos na qualificação do sistema, viabilizando a formulação de políticas de saúde com atividades efetivas que atendam as necessidades reais deste grupo populacional.