Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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“POR FAVOR ME ATENDA” - FLUXOS DE ATENDIMENTO E DEMANDA POR SERVIÇOS DE SAÚDE NAS PRISÕES.
Márcia Bomfim de Arruda, Reni Aparecida Barsaglini, Olimar Martins Gonçalves, Vanessa Alves Lopes

Resumo


A atenção à saúde da população privada de liberdade apresentou avanço a partir de uma Portaria Interministerial nº. 1777, de 2003, que prevê uma equipe médica permanente para cada penitenciária com mais de 100 detentos. Baseados em estudos mais amplos sobre a experiência dos profissionais de saúde, este trabalho enfoca o fluxo da assistência desde a geração da demanda, comunicação/conhecimento da necessidade e o atendimento propriamente dito. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e observação do cotidiano de três unidades prisionais de regime fechado, localizadas em Cuiabá-MT, realizadas de março a novembro de 2013.  A demanda ao atendimento chega aos profissionais de saúde muitas vezes através de bilhetes chamados “bereus”. Esses bilhetes trazem nomes, pedidos de consulta, remédios, descrições de sintomas e convertem-se em uma das formas de seleção para atendimento. Através de um projeto financiado pela CAPES (PNPD), desenvolvido no Instituto de Saúde Coletiva da UFMT, procuramos compreender como se dá o fluxo de atendimento/demanda, pois os serviços de saúde prestados são influenciados pelo cotidiano dos presos e as particularidades dos presídios. Instituições fechadas, disciplinares e que funcionam sob um forte aparato de segurança. Ainda que a dinâmica dos serviços varie conforme cada unidade, pois há especificidades, procurou-se trabalhar aspectos gerais que aproximam a realidade das três penitenciárias. Através de conceitos da fenomenologia procurou-se compreender as experiências subjetivamente significativas da vida dos profissionais das equipes de saúde. A partir de suas narrativas buscou-se o sentido e os significados que atribuem às demandas dos presos e serviços de atendimento. Entende-se que o sentido vai sendo construído pelas pessoas a partir do que trazem de experiências do seu cotidiano e do estoque de conhecimentos que funcionam como referências para ação/interpretação. A pesquisa tem mostrado que a relação dos presos e o serviço de saúde não se dá de forma direta a princípio, mas é intermediada pelos agentes prisionais, direção, gerência, outros presos, familiares de presos, outros profissionais da unidade (assistente social e psicólogo), vias jurídicas (juízes, advogados, defensores). Conhecer a dinâmica do atendimento/demanda de saúde pode contribuir para identificação dos problemas e dificuldades visando à melhoria da atenção à saúde da população carcerária e fortalecimento dos princípios do SUS.

Palavras-chave


serviço-saúde-prisão