Tamanho da fonte: 

O presente trabalho é um testemunho da inserção da psicanálise em novos campos de práticas clínicas, neste caso específico, na atenção primária, com vistas à intervenção na primeira infância. A saúde mental na primeira infância apresenta características específicas por ser o período onde as conquistas relativas ao desenvolvimento emocional e cognitivo estão em pleno curso. Debruçamos neste trabalho sobre a experiência de estágio em uma organização não governamental (ONG) dedicada a promover a nutrição e o desenvolvimento na primeira infância articulando-os com ações que visam ao fortalecimento das mães e da inclusão social de famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social e pobreza. Este relato apresenta como escopo uma proposta de atividade de intervenção junto às crianças atendidas pela equipe multiprofissional da instituição em ênfase. A atuação destina-se à criação de um cenário propício à evocação da dimensão simbólica, na qual a criança busca reordenar-se frente ao mundo, procurando dominar, por meio das atividades propostas (brincar, desenhar, contação de histórias) as suas experiências, as quais, muitas vezes, são vividas passivamente, proporcionando a condição de serem recriadas. Compreendemos que uma série de questões estão associadas à experiência de privação alimentar, a exemplo, dos adoecimentos recorrentes; a baixa renda; as dificuldades de acesso aos serviços de saúde e a fragilidade das redes social e familiar. Todos esses fatores colocam em situação de vulnerabilidade as crianças em acompanhamento na ONG em questão, de modo que são frequentes os sintomas nutricionais associados aos impasses no âmbito da linguagem e do estabelecimento dos laços sociais.

Grupo terapêutico; Saúde mental; Primeira infância