Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
POLÍTICA DE SAÚDE E SUBFINANCIAMENTO: IMPACTOS NA GESTÃO E NA GARANTIA DE DIREITOS
Shellen Batista Galdino

Resumo


Este artigo refere-se a um recorte de uma pesquisa mais ampla que trata da avaliação da política de saúde à luz do olhar profissional. Aqui, mostraremos os dados no que tange o olhar dos trabalhadores da saúde no tocante a gestão, e suas conexões com (sub)financiamento da saúde e seus respectivos impactos. Esta discussão baseia-se na aplicação de formulários e questionários em duas instituições hospitalares públicas de grande porte do município de João Pessoa/PB. Trata-se da análise de sessenta (60) profissionais entrevistados no Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB e no Hospital Edson Ramalho. No que se refere ao SUS, este é um direito consolidado e conquistado através do Movimento da Reforma Sanitária e garantido na Constituição Federal de 1988, que trata-se de um sistema universal, integral e equânime. A partir da reforma de estado e com a implantação do neoliberalismo na década de 1990 no Brasil, o SUS e as demais políticas perdem prioridade política, onde reforça-se a hegemonia do sistema privado e de planos de saúde. Na atualidade a reorganização do papel do Estado trata-se de uma investida do projeto privatista e de desmonte de direitos, e traz uma série de retrocessos políticos e constitucionais no que tange a garantia de direitos. Têm-se um Estado mínimo no que tange gastos com o social, e o máximo de gastos para investimento na economia. A tendência têm sido a de restrição, redução e não regulação de direitos. Tal situação rebate profundamente no processo de trabalho e no olhar sobre a saúde por parte dos profissionais, assim como na gestão em saúde. A pesquisa nos mostra que um número significativo (26%) avalia que a saúde é responsabilidade da sociedade ou do usuário e ajuda do governo, e não direito do cidadão e dever do Estado. Quando perguntado aos profissionais se os atuais programas sociais são afetados pela atual política econômica, 88% responderam afirmamente, e o principal rebatimento da política neoliberal diz respeito aos impactos no financiamento. Quando questionado sobre os principais aspectos do neoliberalismo e seus rebatimentos na política de saúde, 33% afirmaram ser a diminuição de recursos financeiros. Tais resultados revelam os impactos do neoliberalismo no desmonte ao direito a saúde com qualidade, ou seja, há a quebra da universalidade, passando o atendimento a ser cada vez mais focalizado, estando na ordem do dia, a defesa de um SUS com financiamento estável, com gestão pública e com valorização dos trabalhadores.

Palavras-chave


Política de Saúde; Gestão; Subfinanciamento;