Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE DE USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: DESAFIOS DA INTERFACE ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS E MODOS DE ASSISTÊNCIA
Isadora Leite Lopes, Pedro Renan Santos de Oliveira, Mariana Pompílio Gomes Cabral, Erika Silva Rocha

Resumo


A discussão acerca dos modelos de atenção ao usuário de álcool e outras drogas tem sido colocada em destaque e se revela estratégica para avaliar como estas estão sendo respondidas, em termos políticos e práticos, às demandas dos usuários em questão. Este resumo objetiva problematizar o atual modelo de atenção a esses usuários, que organiza a integralidade do cuidado à saúde de tais, com o intuito de compreender e discutir os desafios que estão presentes na interlocução de políticas, saberes e práticas atuais que atravessam tal temática. Para tanto, fez-se um estudo de reflexão teórico-bibliográfico, realizado a partir de busca nas bases de dados Scientific Eletronic Library (SciELO) onde foram encontradas produções relacionadas ao tema. Ao discutir a temática, evidenciaram-se dois principais modelos (Ribeiro, 2006). A atenção que tem por base o proibicionismo propõe a abstenção como a única meta, oferecendo cuidado apenas àqueles que a acatam. A principal assistência de tal modelo é oferecida pelas comunidades terapêuticas e hospitais psiquiátricos, que preconizam o combate às drogas com intervenções terapêuticas laborais e religiosas, que não estão necessariamente ligadas à rede de saúde (Marlatt GA, 12). A atenção mediante a proposta de redução de danos pretende minimizar os danos do uso de drogas adotando estratégias intermediárias de uso ou de abstinência, utilizando ferramentas como o projeto terapêutico singular e a clínica ampliada. Como resultado de tal pesquisa, evidenciou-se que, num contexto macro político, tem-se, por um lado a proposta da Redução de Danos aliada ao serviço de atenção psicossocial comunitário, principalmente o CAPSad. Por outro lado, incentivadas pelo Estado brasileiro, com grandes investimentos políticos e financeiros, as políticas de combate às drogas desenvolvidas no âmbito da segurança pública, mas com interfaces na área da saúde, como Hospitais Psiquiátricos e Comunidades Terapêuticas (MACHADO, 2006). Dessa forma, a revisão aponta que há produção paradoxal e contraditória do Estado brasileiro no que tange ao modelo de assistência e cuidado ao usuário de álcool e outras drogas. Aponta-se, por fim, que, para efetiva coerência com os princípios do Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica, há a necessidade de construção de assistência à saúde que foque o modelo de redução de danos, privilegiando assistências com serviços multiprofissionais de saúde.

Palavras-chave


Políticas Públicas; Álcool e outras drogas; Assitência.

Referências


Ribeiro, MM. Aspectos legais. In: Silveira DX; Moreira, FG. (Organizadores) Panorama atual de drogas e dependência. São Paulo. Editora: Atheneu; 2006. p.469 -76

 

Marlatt GA. Redução de danos: estratégias práticas para lidar com comportamento de alto risco. Porto Alegre, Ed. ArtMed, 1999.

Ribeiro, MM. Aspectos legais. In: Silveira DX, Moreira, FG. organizadores. Panorama atual de drogas e dependência. São Palo. Editora: atheneu; 2006. p.469 -76

Machado, AR. O uso prejudicial e dependência de álcool e outras drogas na agenda da Saúde Pública: um estudo sobre o processo de constituição da Política Pública de Saúde do Brasil para usuários de álcool e outras drogas. {Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte: UFMG; 2006.}