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Caracterização do problema: A fisioterapia é uma ciência aplicada que utiliza meios físicos, naturais e/ou artificiais na promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação das disfunções que acometem o movimento humano. Atualmente vem passando por mudanças qualitativas e quantitativas devido ao crescimento da produção do conhecimento científico e de sua divulgação em escala global. Estes fatores têm criado novos critérios e valores de atuação profissional. Desta forma, espera-se adequar a formação do profissional às novas exigências de um mercado de trabalho globalizado e em desenvolvimento constante. O objetivo é a formação de fisioterapeutas habilidosos, inovadores, criativos e éticos com uma visão genuinamente científica. De acordo com o Conselho Nacional de Educação (2002) a nova proposta curricular deverá produzir profissionais com conhecimentos sólidos nas áreas básicas das ciências biológicas, médicas, exatas e psicossociais. Existem várias abordagens teóricas sobre a estrutura curricular de um curso de graduação. Entre essas abordagens se destacam o racionalismo acadêmico, o processo cognitivo, a autorealização, a reconstrução social e a tecnologia de ensino. O processo cognitivo e a tecnologia de ensino baseiam-se em teorias sobre o desenvolvimento humano. Porém, o processo seletivo dos vestibulares, quando ainda existente, não avaliam este desenvolvimento. Os alunos aceitos para cursar a fisioterapia fazem parte de um grupo totalmente heterogêneo no que diz respeito à capacidade de aprendizagem. Desta forma, o mais adequado seria desenvolver um currículo baseado no ensino das habilidades e competências que o profissional fisioterapeuta deve ter para exercer a sua profissão da maneira mais adequada. Para isto, faz-se necessário o uso de metodologias ativas no processo de ensino–aprendizagem. Conhecendo as metodologias ativas o docente pode selecionar em cada momento qual seria a mais adequada e assim garantir a aprendizagem e um processo de avaliação justo. O professor deve estar apto a eleger a estratégia de aula conforme a característica do conteúdo a ser ensinado. Acredita-se que no lugar de tentar controlar as estratégias de ensino adotada pelo professor, a coordenação do curso deve controlar o produto do ensino, ou seja, a aquisição da aprendizagem dos conceitos. Portanto, o presente trabalho tem o objetivo de relatar a experiência da aplicação de metodologias ativas junto a discentes do curso de fisioterapia para avaliação do aprendizado. Descrição da experiência: A proposta pedagógica de apresentação e inclusão de metodologias ativas no currículo acadêmico de um curso de Fisioterapia na cidade de Fortaleza surgiu de uma conversa entre o docente e os discentes de uma disciplina do curso de Fisioterapia. Constatou-se que embora o Projeto Pedagógico do Curso refira-se ao uso dessas metodologias, o mesmo não acontece na prática docente onde apenas um professor das diversas disciplinas já cursadas pelos alunos usava o método PBL em algumas de suas aulas. O desconhecimento acerca de aprendizagem significativa e metodologias ativas motivou o professor a elaborar uma prática avaliativa de desempenho acadêmico utilizando metodologias ativas. Os alunos supracitados foram selecionados por já estarem próximo da graduação em Fisioterapia, cursando o sétimo semestre e por estarem nesse segundo semestre de 2013 cursando uma disciplina com o professor que elaborou a proposta. A viabilidade da realização da experiência se deu pela liberdade do professor junto à coordenação do curso em preparar uma avaliação diferente da avaliação tradicional e da disciplina estar sendo ministrada pelo professor que atualmente está em contato com as metodologias ativas através do Mestrado Ensino na Saúde. Metodologias ativas são atividades elaboradas com o propósito de ensinar e que devem ser compartilhadas por todos os envolvidos no processo e como esta envolve uma participação ativa do discente, estimula a auto-iniciativa e assim atinge dimensões maiores como afetivas e intelectuais, tornando-se mais duradoura e mais consolidada, sedimentada, ou seja, dando significado a aprendizagem. A data da avaliação com a “nova” proposta pedagógica foi marcada com os alunos e os mesmos foram previamente esclarecidos sobre as metodologias utilizadas. A prática realizou-se em 28 de agosto de 2013, com 20 alunos matriculados na disciplina de Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares. Os alunos preencheram uma folha de frequência respeitando a ordem de chegada. O critério de identificação dos alunos para a realização das três práticas utilizadas respeitou a ordem escrita da folha de frequência. Todas as três práticas sugeridas para a avaliação dos discentes exploraram as temáticas centrais referentes a articulação temporomandibular. Esses temas foram abordados nas aulas anteriores à avaliação através de aulas expositivas e dialogadas, aulas práticas em laboratório e apresentação de vídeos englobando todo o conteúdo e as competências a serem desenvolvidas na primeira unidade da disciplina. A primeira prática utilizada foi o Circuito. O mesmo caracteriza-se por um rodizio dos grupos entre os cartazes afixados sobre uma temática específica onde os conhecimentos são descritos e somam-se nos cartazes de acordo com o rodízio dos grupos. Os alunos foram divididos em 7 grupos. A identificação dos mesmos se deu com letras e números. Pela sala foram afixados 7 cartazes abordando 7 dos 10 temas centrais abordados. Cada grupo iniciou e terminou em seu respectivo cartaz de acordo com a letra identificadora e os grupos rodaram em respeito à ordem alfabética das letras tendo apenas um minuto e meio para escreverem o que sabiam sobre a temática de cada cartaz. Para finalização da primeira atividade, cada grupo elaborou em até cinco minutos um resumo do seu cartaz de origem e julgou, com auxilio de literaturas de referência, as informações contidas no mesmo. Coube ao grupo corrigir as informações erradas e acrescentar informações necessárias e importantes. Essa etapa dispôs de trinta minutos para sua execução. Ao final cada grupo fez uma leitura pública do material produzido, resumo e julgamento. O procedimento metodológico da segunda atividade proposta, dramatização de figuras, consistiu de uma escolha individual de uma ou mais das 43 figuras selecionadas em acordo com os 10 temas abordados. Nesta metodologia os alunos foram identificados por cores e números, agrupados em 3 equipes, 2. Após a escolha das figuras os grupos tiveram 10 minutos para se reunirem e ensaiarem uma apresentação. As dramatizações foram livres sendo exigido apenas criatividade. A última atividade consistiu de uma redação feita a varias mãos. Nesta, os alunos foram agrupados igualmente ao agrupamento da segunda. A principal característica dessa atividade é a rapidez de raciocínio para escrever coisas relacionadas à temática central e correlacionar com o que foi escrito pelos outros integrantes do grupo. A introdução da redação foi elaborada pelo facilitador sendo continuada por cada integrante do grupo em respeito ao tema central. Após um minuto e meio as redações rodaram pelos integrantes do grupo de acordo com a ordem numérica crescente das identificações de cada aluno. A coerência com o tema central e o sentido lógico do texto produzido foi exigido aos alunos. O rodízio das redações terminou quando a mesma retornou ao seu autor e o mesmo teve a responsabilidade de elaborar um desfecho coerente em apenas um minuto e meio. Finalizando da terceira atividade, os grupos elegeram a melhor redação de cada grupo e as mesmas foram lidas publicamente. Para conclusão das atividades realizadas, os alunos foram entrevistados coletivamente sobre a sua percepção acerca das metodologias ativas trabalhadas. Para avaliação das metodologias trabalhadas na turma do sétimo semestre foi usado um diário de campo para anotações comportamentais dos alunos durante a realização das atividades, gravação de áudio da entrevista não estruturada, deixando os alunos livres para emitirem suas impressões e algo mais que quisessem discorrer, e a gravação em vídeo das dramatizações dos grupos. Efeitos alcançados e recomendações: Osso temporal, forames cranianos, sinais e sintomas da disfunção temporomandibular, funções da articulação temporomandibular, nervo trigêmeo, articulação temporomandibular, dentes, qualidade de vida, postura e estresse foram os temas trabalhados nas três atividades. A observação comportamental dos discentes que participaram da atividade demonstrou, sobretudo, engajamento e envolvimento de todos os estudantes na realização das tarefas. Inicialmente alguns alunos externaram receio e temor diante da nova perspectiva, mas os mesmos rapidamente se entrosaram com os grupos. O critério de identificação proposto recriou outros grupos que nunca antes tinham trabalhado juntos. Mesmo diante dessa situação todos os alunos tiveram participação ativa e rapidamente se ajustaram a “nova” equipe. Alguns alunos que nunca participavam das aulas demonstraram capacidade de liderança e se destacaram. Além disso, os alunos mostraram empolgação e alegria com o decorrer das atividades realizadas. Os grupos mostraram organização, não havendo bagunça no desenvolvimento das tarefas. Houve respeito às metodologias “inovadoras” onde nenhuma foi questionada e todas as solicitações e prazos temporais foram cumpridos. Muita criatividade foi verificada principalmente na dramatização das figuras. Ótimas apresentações superando expectativas. Em vários momentos o facilitador referiu-se como se sua presença em sala fora despercebida, como se os discentes não estivessem sendo avaliados. Na entrevista coletiva muitas falas se repetiram e algumas tiveram destaque em relação à percepção dos alunos a cerca do momento “único” vivenciado. Muitos externaram que durante a realização de provas tradicionais eles se mostravam tensos e nervosos e com o método apresentado os mesmos ficaram tranquilos e cresceram dentro da participação que às suas percepções foi ativa. Atividade adjetivada como interessante, pois o aprendizado acontece simultaneamente à realização da tarefa. O desconhecimento sobre aprendizagem significativa e metodologias ativas foi relatado por alguns alunos e todos foram unânimes quanto a gostarem das atividades desenvolvidas e expressaram a vontade de que todos os professores utilizassem esses métodos para dinamizar as aulas e avaliar o desempenho dos alunos. A maioria dos alunos expressou nunca ter tido contato com os métodos de ensino-aprendizagem utilizados e outras metodologias ativas em nenhuma das disciplinas já cursadas. Ao final da entrevista alguns alunos aproximaram-se do professor e o parabenizaram pela iniciativa e desenvolvimento da atividade. Tardiamente pode-se constatar que os alunos envolvidos na metodologia dirigiram-se a coordenação para relatar e elogiar a iniciativa do professor e sugestionar quanto ao uso das metodologias ativas por outros professores. Alguns colegas docentes questionaram o professor e sugeriram cursos para que eles aprendessem sobre o trabalho desenvolvido, demonstraram interesse sobre as metodologias trabalhadas. Quanto às notas atribuídas aos alunos diante de todo o material produzido, as observações anotadas, pode-se verificar que a média aritmética da turma avaliada foi superior em dois pontos se comparada com a média aritmética de métodos tradicionais de avaliação – provas. Como conclusão pode-se confirmar a discrepância entre o currículo escrito e o currículo real. Há uma necessidade de mudança urgente na prática docente. O despertar pelas metodologias ativas expressadas por outros professores foi um ponto positivo que demonstrou flexibilidade a mudanças. O envolvimento dos alunos e entusiasmo dos mesmos fez acreditar que novas metodologias podem mudar o comportamento histórico de déficit de aprendizagem comprovando tudo o que se estuda sobre andragogia. Para as mestrandas do Curso de Mestrado Profissional Ensino na Saúde, a experiência foi única e riquíssima com a comprovação na prática de toda a teoria trabalhada até agora no mestrado.

Currículo; Metodologias ativas; Processo ensino-aprendizagem