Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O QUE HÁ ALÉM DOS MUROS DO CAPS? A POTÊNCIA DOS ESPAÇOS URBANOS NO DIÁLOGO ENTRE SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE
Renata Cristina Dantas da Silva

Resumo


A partir da necessidade de expandir as atividades executadas dentro dos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS II e Álcool e Drogas do município do Aracati-CE.  Pensamos em intervenções nas praças da cidade, como forma de fazer a população conhecer a rede de atenção psicossocial existente, bem como, provocar discussões e reflexões sobre a temática da saúde mental, álcool e outras drogas. Visto que, os serviços da rede de atenção á saúde mental, ainda são pouco conhecidos, e carregados de estigmas sobre loucura e dependência química. A ação propõe romper os muros dos CAPS, que podem cair no paradigma da institucionalização. Aproximando assim, as equipes de saúde mental da comunidade e da cidade que circula e pulsa fora dos muros institucionais. A ação está ocorrendo nas praças, com participação dos profissionais da saúde mental e profissionais residentes. A proposta inicial foi oferecer um espaço de livre expressão, onde a população que passava pela praça poderia: pintar; cantar; tocar; contar sua história; conversar sobre saúde, loucura, drogas, e assuntos que desejassem. Enquanto isso, os profissionais mediavam às produções subjetivas que ocorriam, acolhendo, escutando, fazendo orientações sobre os serviços de saúde e encaminhamentos se necessário. Além disso, os profissionais abordavam a população com placas que ofereciam abraços gratuitos, cafuné, perguntava como estava a saúde mental, distribuía receitas de controle especial com poesias. Destacamos a adesão de uma antiga usuária do CAPSad, que ao participar da pintura nos tecidos estendidos na praça, iniciou uma relação com a equipe, solicitou levar para casa um dos tecidos, e no dia seguinte, em outra intervenção, contou que não havia utilizado o crack. Conseguindo desde então, ficar em abstinência, tendo apenas uma recaída no período de outubro a novembro desse ano. Além de andarilhos e moradores de rua que no segundo dia, chegaram à praça quando a ação já havia terminado e comentam: “ah... não tem mais nada para fazer? Então nós vamos ali beber”. Com isso, expressam que os espaços de livre expressão tem o potencial de oferecer alternativas de promoção à saúde. Outro participante enfatiza: “vocês ficam tudo ali trancado, vocês tem mesmo é que sair para rua, onde a gente está”.Acreditamos na importância de continuar executando tais ações, podendo inclusive, inserir outras propostas e articular com outros setores além da saúde. Sensibilizando assim, outras instituições para esse “romper muros”.

Palavras-chave


saúde mental; participação comunitária; espaços urbanos.

Referências


AMARANTE, Paulo. Reforma Psiquiátrica e Epistemologia. Cad. Bras. Saúde Mental, Vol 1, no1, jan-abr. 2009 (CD-ROM).

GOHN, Maria da Glória. O protagonismo da sociedade Civil: movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. - 2. ed - SP, Cortez, 2008. (Coleção Questões da Nossa Época; v. 123).

SCHWARTZ, Aline; NASCIMENTO, Christiane Moura; NOCAM, Fernanda; JÚNIOR, José Alberto Roza. “Coisa de doido”: as possibilidades de uma clínica ampliada. In: AMARANTE, Paulo; CAMPOS, Fernanda Nogueira (Org.). Saúde mental e arte: práticas, saberes e debates. São Paulo: Zagodoni, 2012. p. 177-191.