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A saúde do trabalhador, tratada pela lei 8.080 de 19 de setembro 1990, visa à execução de estratégias que atendam a demanda integral da saúde dos trabalhadores nos diversos cenários. Em consonância, a Política de Humanização da Assistência Hospitalar (BRASIL, 2009) discorre sobre a necessidade de modificação das ações e relações entre os diferentes atores que compõem o ambiente hospitalar, ampliando a qualidade do cuidado ao trabalhador e, como consequência, ao usuário. Nesta perspectiva, o Serviço de Saúde do Trabalhador da Fundação Hospitalar Municipal Getúlio Vargas (FHMGV) de Sapucaia do Sul - Rio Grande do Sul instaurou espaços que proporcionam ampliação comunicativa entre as equipes administrativas e assistências. A FHMGV é uma instituição que possui 220 leitos e oferece atendimento na clínica médica, traumatologia, cirurgia geral, neurologia, neurocirurgia, pediatria, obstetrícia, saúde mental, intensivismo adulto e pediátrico. A metodologia de trabalho utilizada foi a de Rodas de Conversa realizadas nos três turnos com duração de uma hora, facilitadas pelas profissionais da psicologia e serviço social, com o objetivo estimular a apropriação dos trabalhadores a respeito de seus processos de trabalho e a rede de relações envolvidas, identificando possíveis geradores de conflito e sofrimento psíquico e ampliando sua capacidade de transformação. Após dois meses de intervenção, algumas demandas foram identificadas: altos índices de afastamentos relacionados à saúde mental, falhas na comunicação (gestor-trabalhador/ trabalhador-gestor/ trabalhador-trabalhador), rivalidade entre os trabalhadores que possuem diferentes vínculos institucionais (estatutários, celetistas e autônomos), carência de treinamentos para atuação do trabalhador, reduzido reconhecimento institucional sobre a atuação do servidor. Os conteúdos são trabalhados no contexto grupal, tendo quebra de sigilo consentido quando da necessidade de realizar intervenção junto às coordenações. Ações de educação permanente já estão sendo implementadas, bem como articulação com coordenações no sentindo de facilitar a comunicação entre equipes de trabalho. Trata-se de um processo gradual de mudança diante de uma realidade institucional naturalmente resistente. Cabe à equipe de Saúde do Trabalhador ter postura crítica frente à demanda apresentada, não permitindo transformar a prática em um espaço reduzido a queixas, mas sim utilizá-las como disparadores de responsabilização dentre os diferentes atores da instituição.

Saúde do Trabalhador; Humanização; atenção terciária.