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A cardiopatia congênita é definida como uma anormalidade na estrutura ou na função cardiovascular que está presente ao nascer, mesmo quando diagnosticada posteriormente. A prevalência no Brasil é de 9/1000 crianças nascidos vivos e se estima o surgimento de 28.846 novos casos de cardiopatias congênitas por ano. Com base nestes parâmetros a necessidade média de cirurgia cardiovascular em cardiopatia congênita no Brasil é da ordem de 23.077 procedimentos/ano, incluindo os novos nascimentos, assim como, novas intervenções dos casos que seguem em evolução. No estado do Pará, a Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FPHCGV) constitui referência especializada em cirurgia cardíaca infantil corretiva e/ou paliativa da região Norte, com uma média de 50 cirurgias/mês, adultos e crianças, 1º semestre de 2013. Considerando que a vivência da cardiopatia congênita insere-se precocemente no cotidiano infantil aproximando-as de internações, procedimentos invasivos, cirurgias, sofrimento físico e psíquico ante a certificação da frágil condição da vida humana, instituiu-se no ano de 2013 o Projeto multiprofissional de avaliação e intervenção ambulatorial da criança cardiopata no pré-cirúrgico. Dentre os profissionais que integram o projeto, encontra-se o Terapeuta Ocupacional, que tem orientado suas ações de cuidado visando proporcionar o acesso humanizado aos serviços e garantir o acolhimento das demandas da criança. Apoia-se na perspectiva de ofertar acolhimento à forma peculiar com que cada um vive a doença, enfrenta e favorecer a reconfiguração de seus projetos de vida. Estrutura – se metodologicamente na abordagem grupal com crianças entre 04 e 12 anos, em um único encontro de uma hora, sem a presença dos pais, o qual promove espaço para socialização das dúvidas frequentes relacionadas ao processo de saúde, doença e hospitalização, assim como, a possibilidade de explorar a temática a partir de recursos lúdicos e contos infantis. Esta estratégia de ação tem possibilitado apreender os significados conferidos pela criança ao processo de adoecimento, cirurgia cardíaca e seus temores ante a possibilidade de exporem suas narrativas. Metodologia de baixo custo e potente efeito no alívio do sofrimento infantil que se sustenta nas tecnologias leves. Traz como possibilidade a inclusão dos profissionais nas diversas áreas e etapas do processo formativo reavaliarem sua percepção de infância e proporem ações voltadas ao cuidado integral.

Cardiologia; Criança; Assistência Integral à Saúde; Equipe de Assistência ao paciente