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A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS.
Resumo
Este estudo relata a experiência da equipe de enfermagem do Consultório na Rua Antares, na área programática 5.3 do município do Rio de Janeiro, no cuidado ao processo de cicatrização da ferida do paciente JBCM, de 28 anos. A equipe de Consultório na Rua Antares surge em 2013 pela necessidade da assistência primária em saúde às pessoas em situação de rua da região, incluindo àquelas institucionalizadas em um abrigo que foi implantado na área, com cerca de 450 pessoas em situação de rua. JBCM é acolhido pela equipe em agosto de 2013, apresentando lesões em região plantar e em pododáctilos de membro inferior direito e região dorsal de membro inferior esquerdo com grande quantidade de secreção purulenta, em processo de necrose e com inúmeras larvas de miíase. O paciente relatava estar em situação de rua na região da Central do Brasil e foi abrigado após uma operação de abordagem da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS). A equipe de enfermagem, após avaliação, realiza a retirada das larvas e a limpeza das lesões diariamente e pede apoio da equipe médica para início da antibioticoterapia. Realizou-se a limpeza com Solução Fisiológica a 0,9%, SAF-Gel (gel hidratante com alginato de cálcio e sódio) e Prontosan Solução (undecilaminopropil betaína + polihexanida). Nos finais de semana a troca do curativo era realizada pela equipe de enfermagem do abrigo. O contato diário com o paciente propiciou, ao longo do tempo, que conhecêssemos mais sua história de vida. JBCM teria vindo da região Norte do Brasil em busca de trabalho no Rio de Janeiro. Com as dificuldades de emprego e moradia, viveu em uma comunidade carente, mas posteriormente precisou encarar os desafios de viver em situação de rua. Pelo seu quadro atual e pelas dificuldades enfrentadas não quis restabelecer contato com sua família, pois se sentia constrangido com sua atual situação. A adesão e o empenho do próprio paciente foram marcados pelo envolvimento não somente da equipe de enfermagem, mas também por outros membros da equipe. A realização diária do curativo em JBCM, o contato contínuo com a equipe de enfermagem, o apoio da assistente social, dos agentes de saúde e do médico da equipe permitiram que o curativo cicatrizasse em três meses. O sucesso do trabalho em equipe foi complementado pela participação do paciente nos grupos de educação em saúde que a equipe realiza periodicamente. Estes grupos, além de tratarem de temas relevantes em saúde, propiciam um espaço de convivência e troca de experiências entre os participantes e os membros da equipe, instrumentos essenciais na valorização do ser humano, da construção da cidadania e no fortalecimento dos vínculos.
Palavras-chave
população; situação de rua; atenção primária