Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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SOFRIMENTO PSÍQUICO E ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO NO TERRITÓRIO
Pâmela Mizurini, Marco José de Oliveira Duarte, Cinthia Alves Moreira, João Antonio Santos-neto

Resumo


A partir do trabalho desenvolvido através do PET-Saúde-Redes de Atenção à Saúde-Rede de Atenção Psicossocial da UERJ junto às equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da AP 2.2, em particular, na comunidade do Salgueiro, no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, pretende-se articular o cuidado em saúde mental a partir da atenção básica no território. Descrição da Experiência: No fluxo da Reforma Psiquiátrica a interdisciplinaridade difundida pela rede de atenção psicossocial, promove, como estratégia de cuidado em território, o trabalho conjunto de articulação da saúde mental na atenção básica, a partir do dispositivo do matriciamento junto às equipes da ESF. Neste sentido, um conjunto de atores institucionais e saberes constituem-se com os sujeitos em sofrimento psíquico, e também em decorrência do uso prejudicial de álcool e outras drogas, um cenário de produção de cuidado no território, já que esses se encontram, na maioria das vezes, territorialmente segregados devido a sua própria subjetivação e sem acesso aos serviços da rede de atenção à saúde e a RAPS, em particular, como é o caso de Alice. Uma ex-moradora de rua, hoje casada, mãe de um casal de bebês, residente da referida comunidade e que se encontra atualmente isolada dentro do seu próprio contexto. Lições Aprendidas: A partir de nossa inserção junto a ESF, elaboramos um projeto terapêutico em conjunto com a referida equipe, que se encontra em andamento, no sentido de retomar a sua constituição, como sujeito, e remontagem da sua articulação social, por meio de intervenções que possibilitem a Alice uma relação entre seu contexto cultural e o território da qual atualmente se encontra excluída. Recomendações: Esse trabalho de retomada da autonomia do sujeito em sofrimento no território é desenvolvido pela realização de pesquisa-ação constituída de visitas domiciliares inseridas no modelo contemporâneo de atenção psicossocial, que permitem não apenas a intervenção terapêutica, mas alcançar como resultado a possibilidade de ao término do acompanhamento, que Alice possa sustentar suas diferenças, construindo juntamente com a equipe um modo de existência e subjetivação dentro do seu território sem precisar excluir-se do social. Todo esse percurso do caso é discutido entre as equipes, tanto do PET quanto da ESF, na construção do seu projeto terapêutico singular, incluindo ações de intersetorialidade no contexto da integralidade do cuidado.

Palavras-chave


Rede de atenção psicossocial; Modos de subjetivação; Cuidado.

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