Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ATUAÇÃO DE ENFERMEIRA RESIDENTE: REFLEXÕES A PARTIR DA ERGOLOGIA
Camila Pinno, Silviamar Camponogara

Resumo


A proposta da ergologia é produzir conhecimento considerando o conhecimento e experiência dos trabalhadores em saúde, discutir o trabalho na sua essência, o constante questionamento a respeito dos saberes e a exigência da conversa entre as várias. Aliado a isso, torna-se um desafio abordar a experiência de uma enfermeira residente em uma Unidade de Tratamento Intensivo adulto (UTIa), pois, muitas vezes, há uma tendência em perceber-se o processo de trabalho (PT) da enfermagem, centrado na doença e nos cuidados técnicos aos pacientes, ou seja, no cumprimento de tarefas. A partir disso, propõe-se, refletir sobre a utilização do referencial da ergologia no PT de residentes multiprofissionais em terapia intensiva de um hospital de alta complexidade do sul do Brasil. No campo da UTIa, a enfermeira residente atua como núcleo de saber relacionando teoria e prática. Tem-se uma atuação focada na multidisciplinaridade, na integralidade, envolvendo familiares, trabalhadores e, várias vezes, residentes das Clínicas Médicas, as quais os pacientes com alta da UTIa permanecem até receberem alta hospitalar. São realizadas orientações de cuidados domiciliares, possibilitando assim um plano de alta desde sua internação. Também, é realizada a transferência do paciente, onde se encaminha o usuário para o serviço de atenção primária visando a continuidade do seu cuidado. Diante das expectativas propostas pelo Programa de residência, efetiva-se no decorrer das atividades o aprimoramento profissional, bem como, a melhoria do serviço de atenção à saúde. Crê-se que experiências na forma de educação permanente, discussões multiprofissionais, focando na integralidade do usuário, tem por efeitos a realização de ações que provoquem a mudança e/ou a melhoria do serviço para o usuário, bem como, a continuidade do cuidado na rede de saúde. Nesta lógica, é necessária que se conjugue, na saúde, a construção de saberes, a fim de dar conta da complexidade do trabalho e visando os princípios e diretrizes do SUS. É nesse sentido e considerando a visão ergológica de Schwartz (2000, 2002), que Pires (2000) também defende que é preciso formar e propor formas de organização de natureza integral que possibilite a diversidade de integração do potencial humano no PT, com vistas a superar a realidade do locus do trabalho e suas deformidades. Recomendam-se também, mais momentos de discussão e análise do PT, tendo em vista o aprimoramento profissional e melhora na qualidade da assistência.

Palavras-chave


Trabalho, educação, cuidado

Referências


SCHWARTZ, Y. Le paradigme ergologique ou um métier de philosophe. Toulouse: Octares; 2000.

 

SCHWARTZ, Y. Trabalho e saber. Trabalho e Educação. 2003.

 

 

SCHWARTZ, Y. Conceituando o trabalho, o visível e o invisível. Trab. educ. saúde,  Rio de Janeiro, v. 9, supl. 1,  2011.

 

SILVEIRA, L. H. A. da; CARVALHO, P. R. A.; ROCHA, C. M. F.; Programas de residência multiprofissional em saúde: aspectos gerais e uma experiência em Porto Alegre, Brasil. Revista do GHC – Momento & Perspectiva em Saúde. V. 24, nº 1; 2011.

 

SANTOS, T. M. dos; O uso de si pelo enfermeiro no trabalho em terapia intensiva. 2013. 133 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2013.

 

 

PIRES, D.; Novas formas de organização do trabalho em saúde e enfermagem. Rev. Baiana Enfermagem; 2000.