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Caracterização do problema: diante da regulamentação constitucional da atenção integral à saúde dos trabalhadores (ST) e das experiências implementadas na rede pública de serviços de saúde, passados mais de 20 anos de implementação, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta dificuldade na compreensão, em suas concepções, paradigmas e ações, acerca do lugar que o “trabalho” ocupa na vida dos indivíduos e suas relações com o espaço. Isso pode ser observado, na dificuldade dos profissionais de saúde em realizar a notificação dos agravos relacionados ao trabalho, que embora preconizados pela Portaria nº104/2011, ainda configuram-se como um desafio para a consolidação da ST no SUS e revela o distanciamento da compreensão da relação indivíduo e trabalho. Descrição da experiência: diante da subnotificação de agravos relacionados ao trabalho, e sob a perspectiva do apoio matricial, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) Regional de Chapecó/SC buscou aprimorar o conhecimento dos profissionais da saúde acerca da temática ST, instrumentalizando e sensibilizando as equipes de saúde da Atenção Básica (AB) a partir da integração do CEREST às ações de educação permanente nestes serviços. A experiência oportunizou a qualificação, entre os anos de 2010 a 2012, de mais de 1000 profissionais da AB de 76 municípios da macrorregião de abrangência. Efeitos alcançados: ao analisar o quantitativo das notificações recebidas, pode-se constatar que após a inserção do CEREST nos processos de educação permanente dos serviços de saúde, em 2013 houve um aumento de 352% em relação ao ano de 2010 e, 145% em relação ao número de notificações recebidas no ano de 2012. A experiência oportunizou resgatar também dos profissionais na condução dos casos e notificações, o que também qualifica o processo notificatório. Recomendações: embora o SUS venha provocando mudanças nas práticas de saúde, desde o seu surgimento, entende-se que a educação permanente nos serviços de saúde, pode ser um potente instrumento para corrigir o descompasso entre a orientação da formação dos profissionais de saúde e os princípios, diretrizes e necessidades desse modelo assistencial preconizado. Faz-se necessário compreender a complexidade da ST e, em especial, a complexidade em se “fazer” ST no SUS. É evidente que os diferentes modelos e abordagens em saúde já vivenciados no país deixaram suas marcas tanto nos processos de educação em saúde, como suas reproduções na prática.

saúde do trabalhador; notificação de doenças; educação continuada