Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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INTERVENÇÃO ACERCA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR COM ADOLESCENTES DE UMA COMUNIDADE CARENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Luis Augusto Prazim Bezerra, Beatriz Cordeiro Santos, Igor Peixoto Teixeira, Ítala Bruna Zábulon Dourado, Juliana Alves Teixeira, Letícia Ribeiro Moreira, Micail Lima de Moraes, Nivea Maria Silveira de Almeida, Pedro Henrique Zuba Xavier

Resumo


Estudos revelam o significativo aumento da ocorrência de gravidez na adolescência nas últimas décadas. Esse fenômeno tem como consequências o aumento da mortalidade materna por abortamentos clandestinos, interrupção dos estudos e instabilidade financeira (BRUNO et al, 2009). Assim, conclui-se a relevância do planejamento familiar na atenuação do problema. Para Brasil (1996), o planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e educativas e pelo acesso igualitário a informações, métodos e técnicas para regulação da fecundidade. Tal problemática foi evidenciada em reunião do Conselho Local de Saúde de um bairro periférico, em Vitória da Conquista-BA, com a participação de discentes de Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Em resposta, foi elaborado um projeto de intervenção desenvolvido com adolescentes do 9º ano da escola do bairro, num total de 19 alunos. Foram realizadas 4 oficinas, com as seguintes temáticas: Planejamento Familiar, Perspectivas de vida, Doenças sexualmente transmissíveis e Métodos contraceptivos. Foram utilizadas dinâmicas de grupo, vídeos educativos, demonstração do uso de métodos contraceptivos e exposição teórica dialogada. Buscou-se a troca de saberes para compreender a problemática sob a ótica dos adolescentes, a fim de ofertar informações e experiências que possibilitassem o empoderamento para exercício pleno da autonomia, tal qual defendido pela perspectiva problematizadora proposta por Freire (2005). Ao final, o grupo produziu painel temático e dramatização, enfocando os temas. Percebeu-se apropriação adequada dos conhecimentos compartilhados e reflexões acerca das dificuldades próprias de uma gravidez não planejada. Este resultado também se evidenciou em frases temáticas produzidas pelos adolescentes, antes e depois da intervenção. As mais representativas, antes da intervenção, demonstraram que os adolescentes não viam o fator idade como empecilho para ter filhos e não valorizavam o ensino superior. Após a intervenção, as frases destacavam os sonhos de crescimento pessoal e profissional, do ingresso na universidade e da importância do apoio familiar, do parceiro e da estabilidade econômica para constituir uma família. Uma vez que o processo educativo é gradual, recomendamos que a escola dê continuidade ao trabalho e utilize de metodologias contextualizadas para a adolescência, trabalhando temas acerca do futuro, para reflexão e tomada de decisões com base nos conhecimentos construídos.

Palavras-chave


Planejamento Familiar; Adolescência; Educação em Saúde

Referências


BRUNO, Zenilda Vieira et al. Reincidência de gravidez em adolescentes. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 31, n. 10, p. 280-284, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 41. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

BRASIL. Lei n. 9263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 15 jan., 1996.