Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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PRINCÍPIO DA INTEGRALIDADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM DAS ESCOLAS DA REDE SUS
Daniela Priscila Oliveira do Vale Tafner

Resumo


O estudo sobre esse tema se justifica, pois por muitas vezes me questionava durante a experiência assistencial a ausência de um olhar integral ao ser humano, percebia no cuidado de enfermagem muita fragmentação, centrada na patologia, reduzindo o ser humano a objeto. Acreditando que o princípio da Integralidade é uma ferramenta que possibilita uma assistência de qualidade, foi escolhido como referencial, pois possibilita a implementação de uma formação provida de capacidades gerais necessárias a todos os profissionais da saúde, concepção da atenção à saúde focada no sujeito. Como este processo passa pela educação, formação, encontramos em Paulo Freire o elo para a concretização, com suas sábias palavras aproxima a integralidade à formação, “saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa ao fatalismo (...) abertura à justiça, não é possível a prática pedagógica-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica”. (FREIRE, 1997, p.136). Objetivo: Conhecer o desenvolvimento do princípio da integralidade no processo de formação do Técnico de Enfermagem nas Escolas Técnicas da Rede SUS no Brasil, a partir do discurso dos Coordenadores destes Cursos. Pesquisa qualitativa, onde utilizaram do método do Discurso do Sujeito Coletivo para trazer à luz as representações sociais sobre a temática. Coleta de dados foi realizada através do software QLQT e a análise no software qualiquantisoft para a organização, categorização e produção dos discursos dos sujeitos coletivos DSC. Os DSC indicaram intencionalidade de concretização do princípio da integralidade no processo de formação; a integralidade se faz presente na concepção de cuidado integral, articulação ensino-serviço, problematização das experiências dos alunos e nas práticas, a partir da educação no trabalho. Porém trazem limitadores que dificultam ou impossibilitam essa concretização, mostram um enfermeiro/professor despreparado para a docência, fragilizado, com ações educativas dicotomizadas, que por vezes não conseguem utilizar-se do conhecimento prévio destes alunos para a construção de saberes e reflexões. A docência apresentada possibilita compreender a fragilidade e o desgaste nas práticas do cuidado de enfermagem, além de nos alertar que muitos destes técnicos atuam de forma mecanizada embora ingenuamente a percebam como correta.

Palavras-chave


Integralidade; Formação; Técnico de Enfermagem

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