Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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EDUCAÇÃO POPULAR COMO ESTRATÉGIA DE EMPODERAMENTO: RELATO DE VIVÊNCIA
Daniel Noro de Lima

Resumo


O bairro do Caramujo, em Niterói-RJ, exemplo brasileiro de construção espacial urbana não planejada, tornou-se um imenso depósito de força de trabalho, no qual a população vive sem opções de lazer ou centros de agregação comunitária, submetida a políticas públicas orientadas pela sazonalidade eleitoral e a violência como forma de perpetuação do poder do tráfico de drogas. Nesse contexto de vulnerabilidade, surge a necessidade de intervenções. Baseada nos conceitos de Promoção da Saúde, estabelecida em 1986 pela carta de Ottawa, a qual exalta “o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”, a equipe de saúde do Programa Médico de Família atuante nesse território, desenvolveu um trabalho com os alunos do Colégio Estadual Luciano Pestre (CELP), onde foram discutidos os problemas do bairro, com os quais estes jovens se deparam cotidianamente. Esta vivência teve como objetivos disparar a consciência de si e do outro; desenvolver a autonomia, a solidariedade e a cidadania; e em última instância, contribuir para a prevenção de violências. Durante a execução da mesma, utilizou-se como estratégia política e metodológica os conceito da Educação Popular (EP). Entende-se a EP como um processo de produção de saberes a partir de um sistema aberto de ensino-aprendizagem, constituído de uma teoria de conhecimento referenciada na realidade, com metodologias incentivadoras à participação e ao empoderamento das pessoas, permeado por uma base política estimuladora de transformações sociais. A experiência teve início, utilizando a mobilização em torno das eleições municipais em outubro de 2012 como tema para debate. No primeiro momento, foram feitas provocações que afirmavam que os jovens de hoje são alienados, não se interessam em resolver os problemas da comunidade e só se preocupam com suas questões pessoais. Após um evidente incômodo, foi aberto um espaço para debates com a formação de dois grupos para levantar, discutir e propor soluções para os problemas que eles encontravam no bairro. Em um segundo momento, foi proposta a formação de duas “chapas partidárias” visando a realização de uma campanha e uma eleição simulada no CELP. O desfecho, foi a realização do debate entre as chapas e eleição das “melhores propostas”. Ao fim do trabalho, identificou-se um aumento da potência de agir e da autonomia dos alunos, expresso pelo desejo de compor um Grêmio no CELP.

Palavras-chave


Promoção da Saúde; Educação Popular; Saúde da Família

Referências


 

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