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CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE MORADORES DE RUA DE FORTALEZA
Resumo
A saúde e a doença acompanham a existência humana desde sua origem. A forma como o homem vem interpretando esse fenômeno está relacionada com a complexidade dos sentidos construídos a partir de sua produção de vida e de suas relações sociais. Dessa forma, Sciliar (1999) aponta um longo caminho seguido de sentidos humanos que vão do mágico ao social nesta busca da explicação do fenômeno saúde-doença que atravessa a história da humanidade. Na constituição de 1988 o Brasil instituiu o Sistema Único de Saúde – SUS - em que a saúde se constitui como direito de todos e um dever do estado. A saúde passa a ser reconhecida no sentido ampliado (valor social) a partir da articulação dos determinantes e condicionantes à explicação dos fenômenos de saúde-doença que constituem o viver humano. No Brasil, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, cerca de 32 mil pessoas utilizam as ruas como moradia. Em Fortaleza, de acordo com o titular da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra), Cláudio Ricardo, “A população de rua aumentou muito, hoje são mais de 4.500 pessoas nessa situação em Fortaleza. E esse problema é nacional”. Nesse sentido, o tema iniqüidade fala mais forte ganhando visibilidade no sentido de mostrar que os princípios doutrinários do SUS se encontram distantes enquanto conquista de direitos da cidadania da população de rua. O objetivo da pesquisa consiste em analisar e refletir acerca das concepções de saúde que parte da população de rua que habita três praças do centro de Fortaleza e especificamente da produção de sentido para o respectivo tema. O estudo foca esta população que se encontra à margem da sociedade e entregue a toda sorte dos interesses de produção capitalista. A investigação utilizou o método qualitativo com base na produção do efeito de saturação teórica que norteou a metodologia da pesquisa. Realizou-se o perfil sócio-econômico com objetivo de caracterizar e conhecer melhor a historia de vida de cada entrevistado.Utilizou-se como ferramenta a entrevista semi-estruturada. Os resultados obtidos seguem a linha de construção teórica de Batistella (2007) em que aponta a saúde associada às indicações metodológicas de Caponi (2003) e de Coelho e Almeida Filho (2003) : a) a saúde como ausência de doença; b) a saúde como bem-estar; c) a saúde como um valor social ( o conceito ampliado). A concepção predominante encontrada neste estudo relaciona-se com a saúde como bem-estar.
Palavras-chave
Moradores de rua; saúde; vulnerabilidade