Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CONSTRUINDO ALTERNATIVAS PARA O TRABALHO DE PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM DSTS E HIV/AIDS ENTRE AS MULHERES ACIMA DE 60 ANOS, USUÁRIAS DO SUS
Barbara Cristina Filgueiras Rossi, Adriana Pacheco Sant'Anna, Vanessa Garanito, Kelly de Biase, Tamires Albuquerque, Silvia Pinheiro

Resumo


O projeto de extensão é desenvolvido em uma Unidade de Saúde de uma Universidade Pública, tendo dois eixos estruturantes complementares: o do ENSINO (com inovações metodológicas no processo de ensino e aprendizagem junto aos graduandos); e da ASSISTÊNCIA –voltado à abordagem dos aspectos que envolvem à promoção e prevenção em saúde em DST e HIV/AIDS junto aos usuários dos ambulatórios desta Unidade de Saúde. Em 2013, no âmbito da ASSISTÊNCIA, as atividades (Grupos de Sala de Espera/GSE; atendimentos individuais e pesquisa quali-quantitativa) voltaram-se às mulheres acima de 60 anos, uma vez que segundo o Boletim Epidemiológico 2011 (MS-Brasil), no período compreendido entre 1998 e 2010 houve um crescimento de 82% nos casos de AIDS notificados entre este grupo etário. Para a pesquisa quali-quantitativa realizada foram entrevistadas 60 mulheres atendidas nos ambulatórios. Os dados, em síntese, apontaram que apesar do estereótipo do “idoso assexuado” –que transforma as questões afeitas a sexualidade desta população em “uma não questão, não existe. É silêncio” (ASSIS, 2011)– 45% das entrevistadas, com idades de 60 a 79 anos, afirmaram que mantém vida sexual ativa, e embora 55% tenha afirmado que experimentou o uso do preservativo masculino na relação sexual, 90% declarou não usar o preservativo nas relações atuais, seja por confiar no parceiro, seja em decorrência da baixa frequência das relações, seja pelo desconforto causado. Identificou-se que 55% relatam não conhecer formas de prevenção das DSTs e do HIV/AIDS, e que para 65% das entrevistadas, ainda está presente a concepção de “grupo de risco” para a transmissão de DSTs e HIV/AIDS, sendo: “homossexuais, mulheres lésbicas”(E.6), “os jovens porque são mais sujeitos a vida ativa do sexo”(E.4). O entendimento de que a transmissão está restrita a um “grupo de risco” pode incidir nas estratégias de prevenção, uma vez que ao creditar a vulnerabilidade ao “outro”, ao “diferente de si”, as usuárias tendem a não se identificarem como “alvo” das ações de prevenção e, consequentemente, não se sentirem compelidas a participarem destas. Assim, corrobora-se a relevância da ampliação das ações do projeto para este grupo etário, sendo os GSEs uma das estratégias de promoção da saúde, posto que nestes valoriza-se as experiências dos sujeitos e a horizontalidade das relações, fazendo circular a palavra, criando condições para que os assuntos abordados tenham correspondência com as práticas e vivências dos mesmos. Ao final dos GSE semanais (participação média de 15 usuárias), são distribuídos preservativos masculinos acompanhados dos folhetos informativos elaborados pela equipe (a partir das resultantes do projeto, visando apresentar conteúdos com formatos diferenciados dos “normativos” e “biologizantes” predominantes). Para 2014 está previsto o aprofundamento das ações com a inclusão de Grupos Fechados mensais no rol das atividades desenvolvidas.

Palavras-chave


promoção da saúde; práticas educativas em saúde; trabalho em unidade de saúde;

Referências


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