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DISCUTINDO OS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE GESTÃO DA CLINICA EM UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE
Resumo
Este relato apresenta e discute as práticas pedagógicas desenvolvidas na atividade de ensino denominada gestão da clínica, componente curricular do curso de especialização lato sensu, na modalidade residência médica em medicina de família e comunidade da Escola de Saúde Pública da Bahia. O projeto político pedagógico está estruturado em níveis, em conformidade com as determinações da Comissão Nacional de Residências Médicas e prerrogativas do SUS, cujo objetivo é formar trabalhadores médicos identificados com a estruturação da APS comprometida com a integralidade. As atividades de ensino correspondem ao que a CNRM denomina de formação teórica e devem totalizar de 15% a 20 % das horas aula previstas por ano de residência. As demais horas aula correspondem as atividades de ensino em serviço, junto a USF e, de forma complementar, em centros de referência, ambulatórios e hospitais. A atividade de gestão da clínica é uma oferta curricular, obrigatória, na forma de componentes de ensino, ministrados semanalmente, com carga horária de até 3 horas aula, perfazendo um total de 144 horas aula ano, equivalendo a 25% das atividades teóricas. O componente de ensino tem por objetivo integralizar aprendizagens necessárias a prática em serviço e constituir-se num espaço formal para a reflexão crítica sobre o cuidado em saúde. As aprendizagens correspondem aos processos de saúde-doença, com ênfase nas doenças prevalentes na APS, ao cuidado por ciclo de vida, ao diagnóstico e manejo clinico; aos dispositivos de intervenção e cuidado (caixa de ferramentas), com ênfase na clinica ampliada e centrada na pessoa; na organização e coordenação do cuidado em saúde e na gestão do sistema, com ênfase na atenção básica. A prática pedagógica do componente gestão da clínica está assentada em três dimensões. A primeira é o grupo como dispositivo para a construção do conhecimento, a troca de experiências e a co-produção do cuidado em saúde. A segunda consiste na discussão de casos clínicos elaborados pelos residentes médicos dos níveis R1 e R2, a partir do perfil epidemiológico do território, considerando os dispositivos de intervenção e cuidado, o trabalho em equipe, intersetorial e em rede. A terceira dimensão assenta-se na função apoio, desenvolvida pelo professor, obrigatoriamente médico de família e comunidade, vinculado ao programa e com experiência nas atividades de ensino em USF, coordenação de grupos e preceptoria.
Palavras-chave
medicina de família e comunidade, gestão da clínica, prática pedagógica