Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O ENSINAR SUS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM JOVEM DOCENTE
Rafael Celi

Resumo


Caracterização do problema: A Educação Física através dos tempos cresceu tanto nas produções de conhecimento quanto em novas áreas de atuação e intervenção, ou seja, saiu do contexto escolar e aderiu novas áreas como fitness, esporte, lazer, saúde pública entre outras. Na saúde pública brasileira podemos afirmar categoricamente sua inserção a partir do movimento antimanicomial, o qual instituiu a recreação e o lazer como parte do processo terapêutico de pessoas com sofrimento psíquico, além de, a Política Nacional de Promoção da Saúde (2006) em que alguns municípios passaram a utilizar profissionais de educação física para combater doenças crônicas não transmissíveis através de medidas preventivas na ideia de proporcionar “estilos de vida ativo”, e a criação dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família-NASF (2008) que inclui a Educação Física como uma das profissões para atuar e colaborar na Atenção Básica-AB fazendo parte de uma equipe multidisciplinar em saúde. Embora, pertencer a uma política pública, o NASF não legitima uma área de atuação, pois a consolidação de uma área passa por determinadas convenções e concordâncias quanto aos termos estudados e os conteúdos publicados. Então, a Educação Física possui dois problemas, sendo estes, delimitar seu papel profissional para atuação na AB e direcionar a formação para que os futuros docentes possam reconhecer a AB como sua área de atuação. Devido a isso, infiro a dificuldade de contextualizar e ensinar a linguagem da saúde “SUS” para jovens discentes do curso de Educação Física. Descrição da Experiência: A identidade do professor esta associado com a profissionalização docente, bem como as relações que os professores estabelecem com a profissão, tanto no período que compreende a formação inicial ou as experiências profissionais anteriores à formação como durante a intervenção profissional. É nessa fase de transformação de formação inicial, formação final, formação continuada, na forma de um compromisso mútuo entre professores–estudantes– organizadores deveriam firmar bases cientificas problematizadoras dentro de um referencial dialético reflexivo, para que, amplie o olhar dos pressupostos. Instituindo um futuro docente se reconhecendo como sujeito histórico deste processo de disseminar e problematizar o conhecimento. Nesse processo de formação e compromisso que bases científicas serão levantadas através de pressupostos próprios, ou seja, reproduzidos ou pensados a partir da própria experiência, sendo a Educação Física constituída de um ensino voltado a prática corporal. Devido a isso, ocorreram dificuldades no processo de ensino, com uma imposição e resistência em relação ao ensinar SUS trazendo subjetividades, causalidades e necessidades de compreensão da própria práxis. O processo de conscientização não é apenas conhecimento ou reconhecimento, mas opção, decisão e compromisso. Causalidades como falta de participação em aula e desinteresse nos conteúdos fizeram que eu retirasse os óculos dos pressupostos a cerca do contexto formado. Neste sentido foram levantadas questões como: Porque este desinteresse em uma nova área de atuação que só tende a crescer como mercado de trabalho? Porque a resistência quanto à disciplina e os conteúdos? Assim, inferimos que a formação em Educação Física possui na sua gênese histórica um currículo generalista cuja formação advém de características fisiológicas, biológicas e psicológicas sobre o corpo em relação ao próprio desempenho funcional destas dimensões. Contudo, conserva um estilo da relação direta da atividade física e saúde dentro de parâmetros biológicos, pois, nesta concepção a saúde é sinônima de um melhor condicionamento físico corpóreo. Entretanto, outra característica marcante da Educação Física é um ensino baseado em evidências, ou seja, a saúde baseada em evidências. Trazendo ao discente um aprofundamento restrito ao biológico evidenciando uma “prática cega”. As produções analisadas da Revista Brasileira de Ciências do Esporte não apresentam superação sobre as referências das concepções eugenistas/higienistas. Assim, inferimos que a Educação Física ainda conserva traços higienistas em que esse conhecimento contextualizado nos discentes traz uma prática conservadora na indução de comportamentos ditos “saudáveis” de acordo com suas concepções e os seus parâmetros científicos baseados no ensino da saúde baseada em evidências, acarretando uma “prática cega”. Contudo, a visão de mundo dos discentes esta reduzida dentro de parâmetros conservadores historicamente e socialmente desenvolvidos com forte influência da mídia na própria relação do corpo e sua aparência como sinônimos de saúde e qualidade de vida. A boa forma tem um sentido duplo, de aptidão, saúde e desempenho, de proporcionalidade, isto é, estética, ou seja, índices baixos de gordura são associados à saúde, beleza e juventude. Conhecer significa constatar os resultados inevitáveis sob determinadas condições dadas, o qual, aquilo que é percebido torna-se uma realidade objetiva, pois, o ato da constatação compete ao indivíduo. Portanto, o discente possuidor dos próprios óculos dos pressupostos esta constantemente absorvendo o conhecimento dentro de seu próprio sistema de crenças, valores e cultura. A experiência de mercado de trabalho é livre, o que sugere que o discente procure seus estágios, grupos de estudo e oportunidade de acordo com o que aparece, evidenciando, a construção do saber na relação direta com o aprendizado livre no mercado de trabalho. Portanto, a partir dos pressupostos levantados afirmo que o conceito Saúde SUS dentro de uma perspectiva ampliada ainda é um dialeto para os discentes de Educação Física, sendo, necessário uma reformulação dialética da própria práxis pedagógica do docente(s) para o ensino SUS. Efeitos Alcançados: A verdadeira reflexão crítica origina-se e dialetiza-se na interioridade da práxis constitutiva do mundo humano e também da práxis. Assim, com uma abordagem qualitativa descritiva apoiada no método de relato de experiência, instituindo na experiência docente a criação de pressupostos próprios que serviram de categorias analíticas para este estudo. Os pressupostos evidenciam como resultados; uma dificuldade de contextualizar os conhecimentos advindos do SUS como referencial teórico para a Educação Física; a reinterpretação dos conceitos de saúde, promoção de saúde, educação em saúde sempre na forma da prevenção de doenças; a dificuldade em atuar mutuamente de forma coletiva e organizada para a produção de conhecimento dentro de uma perspectiva de sujeitos protagonistas do próprio aprendizado. Assim, sugerindo a dificuldade prática de entender a interdisciplinaridade na estreita relação de aprendizado e produção de conhecimento como forma de trabalho dentro de uma perspectiva integral e superadora. Portanto, os efeitos alcançados dentro de uma abordagem de autorreflexão do docente trouxeram questionamentos não apenas sobre o conteúdo da práxis, mas, a forma de contextualizar o conteúdo da práxis. Pois, todo o método pedagógico não pretende ser um método de ensino, mas sim de aprendizagem, com ele, o homem não cria suas possibilidades de ser livre, mas aprende a efetivá-la e exercê-la. Recomendações: Entretanto, existe a necessidade de aumentar as bases teóricas dos discentes de Educação Física, porém, essas bases teóricas devem vir da filosofia, sociologia e a própria pedagogia crítica da Educação Física, isso porque, será a partir do estudo destas ciências na correlação direta com a Educação Física – Saúde, somando as práticas vivenciadas pelos discentes é que aumentara a reflexão crítica para problematizar o velho e o novo conhecimento. Sendo, este conhecimento novo (SUS) numa perspectiva crítica construtiva para que os discentes problematizem suas próprias práticas em academias, clubes entre outros, a partir do entendimento da linguagem Saúde SUS, e assim, contextualizar o saber aumentando o escopo de ações e intervenções dentro duma perspectiva ampliada de saúde. Esse aumento da base teórica agregando essas ciências direcionará os óculos dos pressupostos ao entendimento dos contextos históricos e socialmente desenvolvidos no ato da constatação do novo conhecimento. E, desta relação positiva no processo de conhecimento fará uma Educação Física e futuros docentes inclusos na lógica da Saúde SUS redefinindo suas antigas concepções higienistas baseada na prevenção de doenças como prática sanitária. Portanto, não se trata de desconstruir um conceito, pois, não existe uma base para reflexão. Sendo assim, se trata de uma construção para uma possível reflexão. Desta forma a Educação Física poderá delimitar seu papel no SUS e os futuros docentes absorveram esse conhecimento de forma gregária para sua prática diária, ou seja, ambos crescerão.

Palavras-chave


Atividade Motora; Sistema Único de Saúde; Educação

Referências


 

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