Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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RELAÇÕES ENTRE PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA E DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE: TRILHANDO CAMINHOS DO ACESSO À SAÚDE
Tatiana Monteiro Fiuza, Francisco Ursino da Silva Neto, Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, Renan Magalhães Montenegro Junior

Resumo


Meu interesse em pesquisar as práticas de violência surgiu de sua inserção em minha práxis como médica em território marcado por essas. O trabalho tem como objetivo analisar a relação das práticas de violência como determinação social de saúde no contexto da Atenção Primária à Saúde. Este estudo tem como referencial teórico-metodológico a etnografia e a hermenêutica aplicada ao contexto social. Utilizamos diário de campo, entrevistas em profundidade, fotografias. O cenário foi comunidade localizada na periferia de grande centro urbano e que conta com as segundas maiores taxas de homicídio do município. As diversas definições de determinantes sociais de saúde (DSS) expressam que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. São os fatores e mecanismos através dos quais as condições sociais afetam a saúde e que potencialmente podem ser alterados através de ações baseadas em informação. O conceito de ‘saúde’ da Organização Social de Saúde confronta-se com o conceito de que a violência consiste em ações humanas de indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam a morte de outros seres humanos ou que afetam sua integridade física, moral, mental ou espiritual. Ambos os conceitos são polissêmicos e polêmicos. A comunidade é marcada por rivalidade bélica entre grupos rivais e esta gera práticas de violência, não restritas aos confrontos bélicos. O acesso das crianças e adolescentes à escola, a unidade de saúde e ao centro de convivência, cultura e educação são restritos. O sofrimento mental é manifestado em muitos atendimentos e visitas domiciliares: “Não tenho saúde desde que mataram meu filho, é muita dor...”. Compreendemos no território a presença de várias faces da violência como determinação social de saúde. A violência estrutural gerada pelas iniquidades, a violência urbana, a privação do acesso à educação, saúde e cultura. Os eventos violentos manifestam conflitos de autoridade, as disputas pelo poder e a busca de domínio e aniquilamento do outro. Enfim, buscamos expandir um pensamento que se propõe dar respaldo àqueles excluídos das políticas públicas no intuito de oferecer-lhes um recurso teórico que os possibilite lutarem por sua vida ou por uma melhor qualidade dela, através da compreensão dos fenômenos da violência e a determinação social da saúde, principalmente as relações entre esses, abrirá caminhos e discussões baseadas na ética da vida e na luta por uma bioética da proteção.

Palavras-chave


determinantes sociais de saúde; práticas de violência; acesso

Referências


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