Tamanho da fonte:
O CAMPO DE FORMAÇÃO EM SERVIÇO, O SERVIÇO COMO CAMPO DE FORMAÇÃO E O ENCONTRO DOS ENVOLVIDOS: O CASO DA 4CRS DA SES/RS
Resumo
Entre as atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS) está a ordenação da formação universitária para as profissões da saúde. A implementação do SUS implica, no plano universitário, a transformação, curricular e subjetiva, dos envolvidos no processo formativo, tradicionalmente orientado pela matriz epistemológica do positivismo que contribui para a especialização e fragmentação do olhar (deste paradigma emerge o modelo biomédico e hospitalocêntrico). Assim, faz-se necessário a alteração da matriz epistemológica com a incorporação efetiva da Saúde Coletiva como área de conhecimento. Desde a instituição do SUS desafios vem se apresentando (e se renovando) a um sistema que configura uma arena onde diferentes forças se relacionam e disputam. A instituição de práticas mais generalistas, integrativas e usuário-centradas requer profissionais com formação, inclusive subjetiva, para alteração da hegemônica fragmentação. É neste cenário que o dispositivo de formação em serviço, por meio da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS), assume uma importante estratégia do ponto de vista da gestão. Apresentamos neste trabalho a entrada de profissionais residentes na 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), que possui, sob sua administração, 32 municípios, com atribuição de assessorar as gestões municipais na qualificação do SUS. O quadro de recursos humanos da 4ª CRS caracteriza-se como um mosaico composto por profissionais de diferentes proveniências: do Ministério da Saúde, da extinta Caixa Econômica Estadual, da Fundação Nacional de Saúde, os chamados extranumerários (incorporados ao quadro de servidor público com a constituição de 1988) e também profissionais concursados para o sistema público de saúde. Desta forma, ao assumirmos a responsabilidade de trabalhar com vistas à qualificação do SUS, percebemos a importância de movimentos para alteração do processo de trabalho interno na CRS. Para isso, além de inúmeras rodas de conversa e reuniões de equipe na perspectiva da Educação Permanente em Saúde, lançamos mão da ampliação do campo de formação para profissionais da RMS realizada pela Universidade Federal de Santa Maria. A entrada de três residentes em núcleos distintos da CRS desencadeou afetamentos nem sempre apaziguadores, mas extremamente potente no sentido de perguntas inocentes sobre o instituído e pequenas provocações no sentido de alteração de práticas. Com isso percebemos a potência da atuação dos profissionais da saúde na atualidade. Essas potências podem revelar-se como conservadoras, mas também de invenção. Percebemos que a formação em serviço caracteriza-se como uma singular oportunidade para encontros cognitivos, inter-geracionais, desestabilizadores e instituintes. Mas são em relação às últimas, as de invenção, é mesmo em favor delas que compartilhamos esta experiência.
Palavras-chave
educação em saúde, integração ensino serviço
Referências
Relato de experiência.