Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A DA REDE DE SAÚDE DE SANTA MARIA A PARTIR DO INCÊNDIO DE UMA CASA NOTURNA: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E ENCONTROS
Flavia Costa da Silva, Ilse Meincke Melo

Resumo


O incêndio de uma casa noturna na madrugada do dia 27/01/2013 em Santa Maria ocasionou 242 óbitos e, até novembro de 2013, aproximadamente 9.000 atendimentos clínicos em diferentes especialidades para aproximadamente 1.600 pessoas.  A magnitude do acontecimento associado a diversas questões no campo da saúde, desde o primeiro momento apresenta uma situação singular para a Saúde Pública. Nos primeiros dias após o incêndio, enquanto equipe diretiva da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde trabalhava no apoio logístico às equipes, na promoção e participação em reuniões com todas as instituições envolvidas e com os familiares, a rede de saúde e os desafios a serem enfrentados começavam a apresentar contornos para um mapa que deflagra uma complexidade de gestão, pois diferentes frentes nos exigem diferentes agenciamentos: estado clínico das pessoas atendidas, comunicação entre várias instituições, disponibilidade de equipamentos, insumos e encaminhamentos para a continuidade do cuidado às vítimas. Numa ação intuitiva criamos o Grupo Condutor do Cuidado como um espaço de compartilhamento, tratativas, pactuações e materialização do cuidado junto às diferentes instâncias. O grupo está assim composto: 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS)/Secretaria Estadual Saúde/RS, Universidade Federal Santa Maria, Secretaria Municipal de Saúde, Defesa Civil. O Ministério da Saúde participa de forma indireta (via e-mail). Também, foi convidado o Conselho Municipal de Saúde. Constituído em março de 2013, sediado na 4ªCRS, teve na semana de 09 a 13 de dezembro seu trigésimo sexto encontro e, importante atuação nos dois mutirões realizados no Hospital Universitário onde mais de 400 pessoas foram atendidas após cadastro no formulário disponibilizado pelo Ministério da Saúde. O Grupo Condutor como espaço resolutivo também apresenta complexidade, pois os agentes que o constituem estão inscritos em diferentes tramas subjetivas que possibilitaram experienciar a tragédia a partir da concretude da sua história de vida. Acentua-se, então, a sensibilidade dos envolvidos frente à tragédia e as diferentes concepções a cerca do trabalho no SUS e na Saúde Coletiva. Trata-se então de potencializar o comum que, neste caso são os sujeitos receptores das ações em saúde. Trata-se, também de aceitar a alteridade como meio de constituição do comum, tendo a horizontalidade como prática de condução do trabalho. Com essa vivência percebemos o Grupo Condutor como indutor de transformação das práticas em saúde no território que encontrava-se com uma rede desconexa. Assim, neste contexto, a tragédia ou crise, apresenta-se como oportunidade de constituição da rede para além de encaminhamentos de referências, além de ampliar os espaços de encontro e acolhimento de novos atores.

Palavras-chave


situação de desastre, gestão , rede de saúde

Referências


Relato de experiência.