Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOLHIDOS INSTITUCIONALMENTE: IDENTIFICANDO DIFERENTES VULNERABILIDADES
Tatiana Santos e Silva Ramos, Joyce Willeman Monroe Ribeiro, Domenica Hegla Marchetti, Ana Carolina Costa da Silva, Susana Engelhard Nogueira

Resumo


A família é um dos mais importantes pilares para o desenvolvimento do indivíduo, mas nem todos têm esta oportunidade de convivência. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), muitos abrigos infanto-juvenis passaram por reorientações, contribuindo para mudanças em seus paradigmas. Atualmente o acolhimento institucional tem o objetivo de cuidar e proteger esta população que por alguma razão interrompeu o convívio com seus familiares. Apesar disso, muitos continuam a sofrer diferentes privações, perpetuando situações de vulnerabilidade social. A Clínica da Família Rosino Baccarini participa do Programa de Educação pelo Trabalho na Saúde (PET-SAÚDE) vinculado ao IFRJ Campus Realengo. Esse PET visa identificar casos de vulnerabilidade, criar novas metodologias de cuidado e averiguar efetividade dos métodos utilizados. Com foco preventivo, tem-se buscado aproximar a equipe da unidade aos grupos vulneráveis do território, em especial, um abrigo para adolescentes masculinos. Mas, nesse caso, as vulnerabilidades identificadas não se encontram somente nos jovens, estendendo-se para todo o serviço. Após visitas ao local, foi constatado que o abrigo se iguala a uma “ilha” no âmbito da rede de atenção à saúde. É acolhido um total de 14 meninos entre 12 e 17 anos, onde 50% possuem quadros de transtorno mental, históricos de abandono familiar e longas institucionalizações. As demandas são grandes, porém, não se identifica apoio da rede para esses casos. No abrigo há assistente social, psicóloga e educadores, sendo uma das preocupações criar condições de que os jovens possam alcançar trabalho e moradia ao completarem 18 anos. A inserção deles em famílias é um processo difícil e é recorrente que voltem ao abrigo após estas tentativas. Estratégias estão sendo elaboradas pela equipe do PET Saúde para formação de vínculo com esses jovens, de modo gradativo, considerando o histórico de abandono e descaso ao qual muitos permanecem suscetíveis. Concomitantemente, estão sendo elaboradas oficinas para abordar práticas de acolhimento e cuidado empregadas pelos profissionais do local, visto que apresentam visões muito negativas dos jovens. E, um dos pontos mais importantes, a sensibilização da CF Rosino Baccarini sobre as necessidades que esses jovens possuem que vão muito além da saúde física, para que o abrigo também se torne um dos focos de ação dos profissionais de saúde, ofertando o suporte necessário para mudar as fragilidades desse serviço.