Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DE UMA POPULAÇÃO ADSCRITA EM UMA UNIDADE DE ESF EM RECIFE-PE
Ana Catarina Alves e Silva, Maria Gabriella Pacheco da Silva, Eline Ferreira Mendonça, Gabriela Carla dos Santos Costa, Maria Clara Cavalcanti Bezerra, Felisberto de Paula Porto Junior

Resumo


Introdução: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) não consiste apenas em ampliar o acesso às ações de saúde, mas dar forma concreta às ideias de integralidade da atenção, promoção da saúde, enfoque familiar, desenvolvimento de corresponsabilidades, humanização da assistência, e formação de vínculo entre profissionais e população. O Agente Comunitário de Saúde é o componente da ESF que tem na visita domiciliar a ferramenta fundamental de trabalho. Entre suas atribuições, está o preenchimento e atualização da Ficha A, onde devem estar contidas informações socioeconômicas, de saúde e de moradia das pessoas que coabitam. Munidos dessas informações, os membros das equipes poderão planejar e executar as ações de saúde. Objetivo: Realizar um diagnóstico situacional de população adstrita em uma unidade de ESF em Recife-PE. Método: Trata-se um estudo descritivo, de corte transversal, no qual foi analisado o conteúdo da ficha A, e observada a necessidade de complementar as informações não contidas na ficha. Para isso, foram construídos instrumentos que caracterizassem de forma mais detalhada o território e os fatores de risco à saúde. Foram entrevistadas 552 famílias, de 6 microáreas. Resultados: Os dados coletados da ficha A, indicaram que 44% das famílias são beneficiadas pelo programa Bolsa Família.  A renda média domiciliar foi de até um salário mínimo e 18% da população estava desempregada. A associação entre uso abusivo de bebida alcóolica e desentendimentos no domicílio revelou que famílias com pelo menos um indivíduo consumidor abusivo, apresentam chance 3,66 vezes maior de desentendimento que famílias sem uso abusivo de álcool. Quanto a relação “domicílios com indivíduos que cumpriu/cumpre medida socioeducativa”, 9,23% das famílias apresentaram algum familiar da família que tenha cumprido pena ou medida socioeducativa. Os dados ainda revelaram através dos instrumentos complementares, que 36% das famílias referiram ter pelo menos um indivíduo fumante no domicilio. Contudo, nos registros da ficha A constavam que apenas 3% das famílias possuíam algum individuo fumante, sugerindo duas preocupações: subnotificação nos registros da ficha A ou o tabagismo não ser considerada uma condição de risco à saúde. Conclusão: Os resultados do estudo podem indicar que existe uma fragilidade da ficha A, bem como do seu mau preenchimento, ocasionando subnotificação das informações necessárias sobre a saúde da população.

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