Resumo
No sistema capitalista, a fotografia altera seu papel social, político e econômico. Há um fascínio pela técnica, velocidade e pelo movimento, pela máquina e pelo sistema fabril, bem como pela cadeia de novas mercadorias que penetravam na vida cotidiana, provocando uma ampla gama de repostas estéticas que iam da negação à especulação sobre possibilidades utópicas, passando pela imitação. A condição fragmentada da vida moderna dificulta uma visão da totalidade do cotidiano e a superação da fragmentação depende, assim, da capacidade de percepção crítica do indivíduo com o meio ambiente e também social em que está incluído. A fotografia não resolve a questão da fragmentação da vida social moderna, porém possui potencial educativo enquanto experiência pedagógica e mediação histórica, instaurando assim um estar no mundo de modo a perceber a si mesmo e os diferentes, o outro como experiência coletiva, e a natureza. Como os jovens pensam sobre as imagens na sociedade do consumo? Eles produzem imagens, mas somente extraem delas a aparência? Estas são as perguntas que norteiam o estudo. O objetivo principal é analisar a imagem fotográfica como produtora de conhecimento e sua potencialidade pedagógica, a partir de dois aspectos: como mediação de um contexto histórico social e cultural da sociedade de consumo, seja no ato da produção ou na própria realidade retratada; e a fotografia em si mesma, como um registro visual estético de uma experiência criadora do fotógrafo. Como campo empírico a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ) e a experiência de produção de imagens nos Acampamentos Pedagógicos Mandala. As opções metodológicas que norteiam a leitura das imagens fotográficas deste trabalho se definem a partir de premissas da fotografia como mediação e fonte histórica. Por se constituir como um artefato cultural produzido pelo homem, sua análise deve resultar tanto de um ponto de vista social dos significados que o fotógrafo tira da realidade, quanto de aspectos da tecnologia fotográfica contemporânea. Ao investigar como as fotografias são construídas, reconstruídas e naturalizadas, tanto na sua percepção, produção e recepção, é preciso entender o processo de vida histórico e das relações humanas que, para o marxismo, são relações que nos surgem invertidas, tal como acontece numa câmera escura.