Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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NO CENTRO DA CENA: OS USUÁRIOS DAS OFICINAS TERAPÊUTICAS EM SAÚDE MENTAL
Vanessa Andrade Martins Pinto, Lilian Hortale de Oliveira Moreira

Resumo


Estudo descritivo, de natureza qualitativa, acerca da narrativa dos usuários de um Centro de Atenção Psicossocial, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro sobre as características de qualidade das oficinas terapêuticas em saúde mental. As oficinas de acordo com as Portarias nº 189/91 e nº 224/92 do SUS são “atividades grupais de socialização, expressão e inserção social”. Utilizamos como guia os Indicadores de Qualidade de Projeto (IQPs), conjunto de técnicas elaboradas e testadas na área educacional. Este nos propiciou atender aos nossos objetivos que foram: descrever as características de qualidade das oficinas terapêuticas, a partir da narrativa dos usuários e analisar as oficinas terapêuticas, enquanto dispositivo assistencial, no olhar dos usuários. O estudo fundamentou-se em conceitos da Reabilitação Psicossocial e de estudiosos do Campo da Saúde Mental. Nossas reflexões basearam-se nos dados obtidos de vinte entrevistas realizadas em três oficinas terapêuticas (Bijuteria, Expressiva e Rádio). Por meio da análise dos dados, constatamos que alguns IQPs são essenciais como critérios de qualidade de uma Oficina Terapêutica (Oportunidade, Transformação, Coerência, Apropriação, Eficiência, Harmonia), enquanto outros são mais específicos dependendo do objetivo da Oficina (Oficina de Bijuteria - Cooperação, Oficina Expressiva - Criatividade, Oficina de Rádio - Protagonismo). Na perspectiva dos usuários, independente dos objetivos de uma oficina terapêutica existe pontos chaves para que uma oficina tenha características de qualidade: modificações relativas ao quadro psíquico e comportamental. Acreditam que uma oficina possui característica de qualidade quando facilita o desenvolvimento de habilidades cotidianas, e faz com que eles alcancem o desejo de sentirem-se melhor, mais valorizados, com liberdade de fazer suas tarefas e escolhas no dia-a-dia, sem que seja necessária a autorização de terceiros. O que torna uma oficina de fato terapêutica na percepção dos usuários? Aqui, a função terapêutica da oficina foi apontada pela própria convivência que ela instaura, através da relação entre os oficineiros e usuários, e principalmente entre os próprios usuários. O sofrimento psíquico é marcado pela tendência ao isolamento, pela dificuldade de estabelecer vínculos afetivos e sociais. Mesmo que esse isolamento persista no cotidiano, fora do CAPS, o momento de convivência nas oficinas é de vital importância, ampliando as possibilidades de trocas sociais.

Palavras-chave


Saúde mental, Oficinas Terapêuticas e Reabilitação Psicossocial.

Referências


•BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº10.216, de 06 de abril de 2001. Brasília, 2001. • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria/GM n° 224, de 29 de janeiro de 1992. Brasília, 1992. •BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS n° 189, de 19 de novembro de 1991. Brasília, 1991. • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria/GM Nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de  crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 2011. • LIMA, EA. Oficinas e outros dispositivos para uma clínica atravessada pela criação. In: Costa, CM & Figueiredo, AC (orgs). Oficinas Terapêuticas em Saúde Mental: sujeito, produção e cidadania. Rio de Janeiro, Contra Capa Livraria, 2008. p. 59-81. • GREGO, MG. Oficina: uma questão de lugar? In: Costa, CM & Figueiredo, AC (orgs). Oficinas Terapêuticas em Saúde Mental: sujeito, produção e cidadania. Rio de Janeiro, Contra Capa Livraria, 2008. p.83-94.