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MORTALIDADE FEMININA POR CAUSAS EXTERNAS: A DIFÍCIL CONSTRUÇÃO DE REDES DE ATENÇÃO NO MUNICÍPIO DE MACAÉ/RJ
Resumo
O presente trabalho tem como cerne o estudo da mortalidade feminina por causas externas privilegiando as questões ligadas à violência doméstica, física e sexual no município de Macaé/RJ. A definição dada pela Convenção Interamericana para Prevenir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Belém/PA 1994) para violência feminina é: “qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher tanto na esfera pública quanto privada”. Neste sentido, torna-se impossível dissociar a relação mulher/saúde sem levar em consideração à variável violência na produção do cuidado à população feminina brasileira. Constituíram objetivos analisar, cartografar e compreender a construção da rede de atenção/cuidado das mulheres em situação de violência (doméstica, física e sexual) do município de Macaé/RJ. A metodologia utilizada foi quanti/qualitativa com observação participante, durante quatro meses, nos serviços que compõem a rede de atenção/cuidado as mulheres em situação de violência no município de Macaé-RJ: o Centro de Referência da Mulher; o Serviço de Atendimento as Mulheres Vítimas de Violência Sexual; o Núcleo de Vigilância Hospitalar do HPM; o Serviço Social do Hospital Público de Macaé - HPM; a Vigilância Epidemiológica; a Divisão de Informação e Análises de Dados; o Centro de Referência do Adolescente; a Unidade da Estratégia da Família Barra/Brasília. Entre os resultados levantados ressaltamos: a deficiência na articulação/comunicação entre os serviços disponíveis na rede, a ausência de alguns serviços como Casa da Mulher Cidadã e Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). Em relação às notificações, muitos profissionais não preenchem ou preenchem de forma inadequada (subnotificada). Muitas notificações não são realizadas porque tanto profissionais como usuárias da rede consideram a ficha de notificação compulsória como Boletim de Ocorrência. Outro fator analisado é o não acesso da população à informação sobre todos os serviços da rede municipal de saúde e de outros setores a que tem direito. Por fim, é indiscutível que a violência contra a mulher aumenta a morbimortalidade feminina consideravelmente. Verifica-se que a rede que abrange os cuidados à mulher em situação de violência no município de Macaé mostra-se focalizada e desarticulada, impossibilitando assim o atendimento integral.
Palavras-chave
Mortalidade Feminina;Violências; Redes de Atenção em Saúde.