Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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INVISIBILIDADE DA DENGUE: O OLHAR SOBRE DENGUE CONSTRUÍDO POR UM GRUPO DE ATORES SOCIAIS RESIDENTES EM MUNICÍPIO NO NORDESTE BRASILEIRO
Ana Carolina Rocha Peixoto, Andrea Caprara, Martha Suellen Miranda de Lacerda, Joana Mary Soares Nobre

Resumo


 Introdução: No cenário da dengue, sabe-se que o controle ao mosquito Aedes Aegypti já ocupa no espaço histórico mais de 110 anos. As ações de controle, acontecem quase que, exclusivamente, pontuais. Metodologia: Objetivou-se compreender as representações sociais das ações de controle da dengue, construídas por atores sociais que residem e trabalham em cinco agregados, situados em cinco bairros com distinções socioeconômicas e geográficas no município de Fortaleza-Ce, buscando analisar as vulnerabilidades relacionadas à doença, para que se possa contribuir em uma reformulação de estratégias de controle e prevenção da dengue a nível local. Estudo qualitativo com enfoque descritivo decorreu no perídio de junho a agosto de 2012, Os dados, coletados em grupo focal, foram analisados pela análise do discurso. Resultados: No município de Fortaleza, percebe-se que a gestão permanece focada em práticas direcionadas apenas para eliminar os potenciais criadouros da dengue, como também “inspecionar” o espaço intradomiciliar; por meio de práticas vazias de diálogos, com repasse de informações de cunho biomédicas, sem espaço para negociação de significados e para construção coletiva do conhecimento, prática esta imposta pela política pública que normatiza as ações de controle e duplicada pela gestão local; aonde não há nenhum movimento que busque compreender a percepção destas pessoas sobre o problema, e assim, incitar ao diálogo que levará a uma reflexão e somente assim, pensarmos em um processo de transformação ou ressignificação de conhecimento. Conclusão: A dengue sofreu o processo de medicalização social, aonde se acredita que o meio mais eficaz de eliminá-la é por meio do uso do inseticida, negando os benefícios de ações de controle voltadas para prevenção, como também de incitar o envolvimento comunitário, espaço que, ainda, ocupa um lugar tímido no cenário das ações de controle da dengue a nível nacional. No caso de Fortaleza, os atores sociais revelaram que a prevenção da dengue está aquém do que se preconiza nas diretrizes e abordagens participativas e intersetorias. Assim, deve haver a incorporação das temáticas de co-responsabilidade, co-gestão, compromisso, sustentabilidade, integralidade e participação nas práticas da saúde pública proporcionando em uma releitura das atuais ações de controle da dengue direcionada à emancipação no cuidado com a saúde individual e coletiva fundamentadas no diálogo e na reflexão para ação.

Palavras-chave


Participação social; dengue; ações de controle

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