Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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EDUCAÇÃO EM SAÚDE: A FORMAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE COMO MULTIPLICADORES DE AÇÕES DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA EM ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE DIVINÓPOLIS-MG
Viviane Oliveira Marcacine, Carlos Alberto Pegolo, Iara Barros da Silva, Denise Alves Guimarães, Rânia Andrade Lima

Resumo


Este trabalho resulta das ações desenvolvidas no projeto "Educação em Saúde: a formação de agentes comunitários de saúde como multiplicadores de ações de prevenção da gravidez na adolescência em escolas públicas da cidade de Divinópolis-MG", inserido no Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde-PET SAÚDE/PRÓ SAÚDE denominado "Educação em saúde: sexualidade e prevenção de DST/AIDS no município de Divinópolis - MG". Esta experiência capacitou agentes comunitários de saúde (ACS) como multiplicadores de ações de prevenção da gravidez na adolescência em escolas públicas da cidade de Divinópolis-MG. O projeto teve a participação de universitárias, adolescentes, professores, gestores e equipe de saúde. A escolha dos ACS como foco da intervenção baseou-se em evidências do potencial de transformação que eles possuem quando bem capacitados. Escolhemos o tema pela relevância social e propusemos trabalhá-lo por meio de rodas de conversa, uma metodologia que privilegia a construção coletiva do conhecimento. O trabalho visou ao aprofundamento da discussão a respeito da adolescência e sexualidade, além de incentivar a discussão interdisciplinar nas equipes do PSF e introduzir técnicas baseadas em metodologias construtivistas. Em seguida, os agentes utilizaram das mesmas técnicas junto aos adolescentes com idades entre 14 e 16 anos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública. Os ACS estabeleceram vínculos com os alunos e desenvolveram habilidades e conhecimentos relacionados aos assuntos desenvolvidos na capacitação. Relataram que era tranquilizador o fato de ser um grupo e não um único agente como moderador das rodas de conversa. A presença de universitárias como supervisoras em cada roda também foi citada como fator de segurança. Quanto aos alunos, tiveram comentários preconceituosos em relação a gênero; fizeram confusão entre hereditário e congênito; mostraram desconhecimento de fisiologia e anatomia dos aparelhos reprodutores; não sabiam utilizar pílula de emergência e anticoncepcional oral e eram desinformados dos sintomas de DST. Observamos que favorecer a participação dos jovens, ouvir seus desejos e reconhecer sua autonomia são formas efetivas de operar a aproximação entre adolescentes e serviço de saúde. A geração de espaços propiciadores da participação construtiva no diálogo sobre a gravidez na adolescência mostrou-se alternativa eficaz na promoção de saúde, uma vez que é feita na própria realidade que o jovem está inserido.

Palavras-chave


Educação em saúde; agentes multiplicadores; atenção primária; gravidez na adolescência

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