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Introdução A partir de 1988 o Brasil criou e implantou o SUS - um sistema de saúde sem restrições de acesso, destinado a prover cuidado ampliado e integral a todos os cidadãos do país. Apesar dos avanços alcançados desde então, esse sistema encontra-se, ainda, em construção. Interessa, pois, saber em que fase do seu desenvolvimento o SUS está, e se, de fato, segue em direção aos princípios para os quais foi criado. Objetivo Apresentar uma amostra do momento atual do SUS a partir da descrição da integralidade do cuidado numa rede municipal de saúde. Método Estudo de caso sobre a experiência de uma pessoa com o cuidado oferecido pelo SUS de São Carlos, SP, nas duas vezes em que teve câncer. A partir da narrativa desse sujeito focal, fez-se a triangulação dos achados entrevistando-se em profundidade outros dois sujeitos identificados como estratégicos para o alcance dos objetivos da pesquisa, apontados como unidades de análise pelo sujeito focal. As entrevistas foram decodificadas por estratégia interacionista interpretativa, os achados foram organizados por critério ideográfico e os resultados foram confrontados com a revisão narrativa da literatura. Resultados Detectou-se que o Sistema local de Saúde de São Carlos, SP, encontra-se num processo de transição entre um formato produtivista-clientelista centrado na doença e um modelo que presta cuidado ampliado e integral centrado na pessoa acessível a qualquer cidadão. Neste momento está sobrecarregado e lento, enfrenta problemas de qualidade assistencial e de desconforto por parte da gestão, de quem trabalha na rede de cuidados e do usuário do sistema de saúde; o cuidado que presta é limitado em relação ao objetivo ampliado e integral, e o processo de trabalho convive com algumas obstruções operacionais. Conclusão O SUS encontra-se numa fase intermediária entre o modelo assistencial do qual partiu e aquele em que pretende chegar, e segue na direção dos princípios que fundamentaram sua implantação. Precisará investir na Estratégia de Saúde da Família, nas práticas de humanização da assistência e na qualificação dos profissionais de cuidado à saúde. Terá que ampliar sua capacidade instalada, qualificar as estratégias de regulação, melhorar a comunicação entre a gestão e os profissionais da assistência, estruturar uma rede assistencial orientada por linhas de cuidado e pactuar seu processo de construção com seus usuários e sua equipe de profissionais.